04 maio 2010

Bulletproof

Não sou à prova de bala.
Cada tiro que me deste continua cravado na minha pele e no meu peito.
O meu sangue escorre-me pelo corpo ao teu ritmo, através de cada ferida tua em mim.
Tenho o peito destruído em oríficios perfeitos de pequenas palavras afiadas pelo teu gatilho. Palavras falsas de vida. Míseras seguidoras da morte encoberta.
Tu és a causa. És a causa do meu corpo coberto de sangue, a causa das minhas lágrimas sujas, do meu cabelo. És a minha causa. A causa da minha existência mastigada e vulgar, a causa do meu corpo molestado e negro. És a causa de tudo o que eu quiser que sejas, porque sou fraco de mais para admitir que a causa da minha vida sou eu. És o culpado também de eu ser cobarde.

Cada sonho, cada morte, cada espaço... Tu.

És o meu sorriso e o culpado de já não conseguir sorrir.
Não quero que existas em mim.

Mas como posso eu existir sem mim?


[Quando vou eu voltar a ver-te? Tenho saudades de te poder esperar.]

2 comentários:

  1. Sabes, o pior que nos podemos fazer e nao sermos capazes de admitir e saber ver aquilo que realmente somos... de nao sermos capazes de uma vez na vida dizer que fomos e somos nos. que ninguem nos obrigou a ir para aquele lugar que apenas nos escolhemos permanecer. nao deposites na tua cabeca ideias que simplesmente te fazem afastar de tudo o que es tu para deixares de ter de ser o -EU-... deixa de lado tudo aquilo que imaginas e vive aquilo que ves concretamente, porque e isso que precisas neste momento. abre os olhos, fecha o coracao, e procura em ti a razao de seguires pelo caminho que has-de saber que e o mais, nao correcto, mas adequado! nao te digo que es forte nem fraco. digo te que seras forte se souberes usar a fraqueza como uma arma!

    ResponderEliminar
  2. Fiquei estupefacto com este desabafo. Acho que darias um muito bom escritor, se começasses a escrever contos ou poemas e não apenas desabafos.

    ResponderEliminar