20 março 2010

God Particle

Bolhas. Elas sobem, sobem, sobem... e depois... desaparecem. Poof.
Julgamos-nos tão fortes, tão importantes, tão inquebráveis... mas e se não passarmos de pequenas esperanças de ar? Se vivermos presos por paredes de vidro e não passarmos de pequenas bolhas de gás que ao encontrarem o único caminho para a liberdade e para a felicidade, desaparecem? Quem é que alguma vez nos disse que nós fazíamos a diferença? Que importavamos para o fado do mundo? Ninguém. Apenas acreditamos nisso, porque temos um medo de morte da indiferença. Precisamos que nos olhem, que tenham razões para nos olhar. Precisamos do nosso sujo pedestal de ser-humano, de constructor de mundos de consumismo - onde com uma passagem de um simples cartão conseguimos que nos olhem e que nos invejem. Vivemos disso. Da impressão que causamos, alimentamo-nos da inveja que os outros nutrem por nós. Uns mais assumidamente que outros, mas todos da mesma forma obscena.
Somos pequenos e verdes germes cobertos de muco, com a ganância na boca e o topo na mente. Pestilentos. Odiáveis. Nojentos. Pessoas. Arrastamo-nos pesarosamente entre os destroços das guerras psicológicas de cada um, e oferecemos as armas para que se extingam, desde que o seu cadáver nos sirva de degrau para subir. A nossa vida é uma escalada sem regras, onde quem não empurra é empurrado e quem não joga duro morre na rocha. Um banquete onde quem não come é comido. A preocupação é um mito. A amizade é um filme. A confiança é ficção. O amor são bolhas que nos vão matando, matando, matando e no fim, desaparecem e deixam-nos a flutuar na morte, deitados sob a fresca relva da vida, com metade do coração nas mãos e outra no peito e o sangue amoroso a escorrer pelo nosso corpo - continuando a bater por mais um pouco daquele amor sangrento.
Sentimo-nos tão importantes e tão gigantescos, capazes de governar a grandeza do mundo... mas não nos apercebemos que somos apenas partículas vulgares num louco frenesím para governar a palma da nossa própria mão. O nosso mundo. Que estamos sempre ansiosos por partilhar.

Gostava de dar o meu mundo ao teu, de o entrelaçar no teu. Gostava que fôssemos o melhor dos dois. Gostava que o meu mundo segurasse o teu. E gostava de estar sempre presente na tua palma para que me beijes perto estando longe... para acalentar a saudade e o alvoroço da paixão. A dor da distância. O sofrimento... que nos apaga todas as memórias boas e nos deixa a nadar num mar de nada, abertos a todo o controlo do Homem, aberto a tudo o que digam que precisamos. Sensíveis. Nesse ponto tornamo-nos monstros. Cegos por não ser invisiveis, e os outros que não se deixam levar pela humanidade, são loucos por não serem iguais. Só quem ama pode terminar assim, com um riso louco.
Nenhum de nós quer a vida destruída apenas por amar, mas será que isso é possível? O amor são bolhas, mas bolhas num turbilhão de furacões que nos deixam de cabeça ao contrário, que nos elevam a vida aos ceus e brutalmente as deixam cair no fim, destruíndo tudo, e quebrando os corações impossíveis de re-arranjar.
E o que é mais difícil, o que dói mais nos corações partidos? É a incapacidade de recordar como nos sentíamos antes.

19 março 2010

Creep

O mundo podia parar que eu não notaria a diferença.



Podia acontecer tudo à minha volta que para mim estaria tudo igual.

Podias ser o meu sonho à noite e a minha realidade durante o dia, que para mim, serias sempre real, porque existes em mim com a mesma intensidade com que te sonho.

Podias só ser o nada que me esconde no vazio, que o oco da minha consciência continuaria sem entender-te(nos).


Podias ser tanta coisa...

bastava existires.
comigo ou ao invés de mim.

15 março 2010

L.O.V.E

Recordas-te dos beijos que
deixei em cima da tua cama?
Guarda-os.
Usa-os hoje.
Hoje e sempre que quiseres.

Aproveita o seu derradeiro sabor
de último adeus, porque eu ficarei contigo
mas em caminho. E contigo
espero encontrar-me sozinho.

Numa pequena caixa
de madeira beijada,
e como beijo que escapa
agarra-os bem. Ternura
de mãe, e força de quem mata.
A persistência de quem nega
a desgraça.

Recordas-te dos beijos que
deixei em cima da tua cama?
Guarda-os para sempre,
porque na ânsia de te encontrar
perdi os meus lábios, que loucos
andam - doidos - para de novo
te beijar.

(constata-se estúpidamente que não sou poeta nem escritor, está aí a pequena mancha gráfia que o comprova. horrível. Mas para mim tudo faz sentido, e senti que tinha que publicar isto aqui. No pequenino espaço do lado esquerdo do meu peito, há um sorriso esboçado, porque na minha língua que só eu entendo, disse ao mundo tudo o que tenho a dizer)

07 março 2010

Prostitution Song

Ando desencontrado de mim desde que nasci. Ando à procura de alguns pedaços reais do que sou, alguma pista da minha essência para conseguir construir - com o tempo - o meu todo.
Não passo de um prostituto, um vendido de uma qualquer esquina, com uma vida recheada de prazeres incestuosos, orgasmos descabidos de sentido... Uma vida preenchida de sexo sem sentido e orgias centenárias... quando no fundo... a realidade é apenas uma vulgar masturbação.
Não consigo dizer EU ESTOU AQUI porque não sei ao certo o que sou EU.
Utilizo casos sem qualquer significado para tapar as minhas lacunas, preencho os meus vazios com pequenos nadas que os deixam ainda mais ocos.
Posso dizer que sou de mil e uma maneiras, posso dizer que quero com um olhar decidido, mas nunca sei ao certo se sou e se quero assim tanto.
VENDO-ME. Uso e abuso do sonho de ser actor, para criar personagens com cada pessoa que falo. Já fui tantas coisas, continuo a sê-las cá dentro. Talvez de tanto tirar e por máscaras, perdi a minha face. Não sou igual para todos. Não sou eu para ninguém, porque não sei quem sou. Sou a máscara do que me convém, um reflexo do meu desejo momentâneo. Uma rápida e constante muda de ser em busca do prazer fácil e rápido. SEXO. sem qualquer significado, desprovido de sentimento... só para sentir que ainda mando no meu corpo, mesmo que tenha perdido a minha alma.

Onde estás tu agora, desejada alma?
Só contigo posso ter amor. Preciso de ti.

...Ouvi dizer que o amor era melhor que um orgasmo

05 março 2010

I wish you were here

Parece que já nada faz sentido.
Já nada é como antes.
Já não há nada para ser...
Resta a dor de permanecer aqui
perdido.




E se nada disto valer a pena?
E se o sonho já está só por si quebrado?
Vale a pena quebrar toda a uma vida por algo quebrado à nascença?






Está tudo quebrado, já não há nada mais para quebrar.




É tarde demais. Agora tudo faz sentido...
um sentido deturpado, perdido no meio dos destroços das recordações
quebradas.

02 março 2010

A Promise

Todas as épocas são épocas de transição. Todos os dias são a transição entre o ontem e o amanhã.

Palestra sobre Tragédia Grega no Teatro Nacional D.Maria II , Jorge de Silva Melo