05 maio 2010

Stand By Me

Fica.
Aqui, no meu cantinho escondido do mundo, onde um dia a tua voz já entrou.
Fica.
Da minha maneira e da tua, mistura-nos, usa-nos em prol da nossa própria perfeição.
Fica.
Comigo. Aqui. Onde quer que seja.
Respira comigo. Sorri para mim.
Cansei-me da tua apatia. Da tua necessidade de mostrar ao exterior que não precisas de mim, mesmo que o teu interior esteja destruído com saudades minhas.
Cansei-me do teu espírito fraco, da forma como pensas que estou na tua mão e que me manejas como queres.
Mas fica sempre algo cá dentro... uma curiosidade, uma vontade dificilmente controlável de perceber o que acontece nas tuas entranhas. No porquê da tua bipolaridade, e da calendarização do nosso contacto. És o mistério que eu quero desvendar.
Já quis matar-te por dentro, pra ver se o teu exterior se aguentava muito mais. Deixar a tua essência em cinzas para ver arder o teu corpo sujo de medo e falsidade. Tinha a arma do crime, tinha a oportunidade, tinha tudo. Tudo para atear o fogo nas tuas veias e o ver percorrer todos os teus pedaços vividos e por viver. Vê-lo explorar coisas que tu não conhecias de ti, vê-lo ir tão longe, e provocar-te uma dor tão profunda que não conseguirias levantar-te. Ver os dentes brancos do teu sorriso a desaparecer... Mas desisti. Não te quero fazer sofrer. Não tens culpa de quem és, nem do que fazes sem te aperceberes.
Vou ficar na minha, aproveitar os últimos tempos que nos podem ainda restar, os últimos risos que ainda temos para partilhar, para depois deixar ir a nossa recordação, rumo a não-sei-onde, levando a peito as memórias das semanas para não mais lembrar. Os (teus) medos.
Hoje não expulsei o Bom Dia. Deixei-o acontecer em mim para ti. Deixei-o ecoar no meu peito. Ninguém, além de mim, o ouviu. E por isso tu não sorriste. Por isso duvidaste se me tens na mão. Por isso tiveste medo de me estar a perder. Por isso não expulsaste o teu Olá. Nem qualquer emoção minha em ti presente. Nada.
Arrependi-me no momento a seguir. Mas não tinha a certeza se o dia de hoje estava calendarizado como um dia em que nos falamos ou não, e não queria atrapalhar o que já está organizado, por isso não me redimi. Também me fazes o mesmo tantas vezes repetidas.
Mas ainda me culpo e me arrependo. Os nossos dias estão perto do final... vamos fazer acontecer antes que tudo desapareça.

Fica.
Fica.
Não preciso de nomear uma só razão em nós. Fica.

Fica aqui aquilo que te devo: Bom Dia.
Fica aqui o medo de ter que te dizer: Adeus.

4 comentários:

  1. Gostava de puder ser eu um dia a responder pela pessoa que ansiosamente sonhas que comente... que te comente. Queria que uma vez, uma unica vez conseguisse fazer-te nao imaginar que foi aquela pessoa... aquela por quem lutas mas que por medo apenas o fazes por dentro de ti, e assim guardas magoas e desejos nao realizados de uma forma tao singular que te faz, a ti, alguem sem plural.porque e que continuas a fechar te? Pensas que te abrirao sem dares a tua chave ou, simplesmente, sem dares o grito de socorro?... Sabes, aquele grito a meio tom que quando tentamos nao conseguimos, mas quando sentimos nao conseguimos evitar? Abre a porta que mantens tracada desde que o jardim deixou de ter cor. Deixa que a Primavera chegue e se apudere das tuas saudades... Liberta-te... Peco-te, por tudo... Liberta-te!! Apaga todas as cores que toda a tua vida pintaste. Esquece as gravuras que marcaste so porque sabes que elas sao fieis... Pega numa porcaria de uma borracha e apaga tudo! Rasga tudo!! Destroi! Elimina! Desfaz!.. Ou qualquer palavra que queiras usar para dares lugar a um novo lugar... Seja qual for a designacao que encontres para isso.... novamente te peco: simplesmente fa-lo!

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  2. Parabéns pelo belo desabafo. E faço das palavras do anónimo as minhas.

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  3. Quem és, 2º anónimo? Alguém que eu conheça? :s

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  4. o 1º anonimo tambem esta curioso para saber quem e o segundo anonimo...

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