02 setembro 2010

Another Soulmate

Procuramos a vida toda por alguém. Mas qual alguém? Alguém que acreditamos ser especial, que acreditamos dar rumo à nossa vida que parece sempre confusa. Alguém, maior que os outros, mais especial. Perfeito. Gostamos tanto da perfeição.
Procuramos a vida inteira por alguém que, supostamente, vai merecer o nosso amor. Mas no fundo, o que é certo, é que o damos sempre às pessoas erradas.
Mas o que é isso de alguém? Chamemos-lhe alma-gémea.. o que é isso? São sonhos, quase uma regra que nos incutem desde crianças. Uma crença como todas as outras.
Ensinam-nos que se festeja o Natal porque foi quando nasceu Jesus. E onde está Jesus?
Ensinam-nos que existe uma metade de nós aí à solta no mundo, a nossa cara-metade, a alma-gémea. E onde está? Ah, claro.. algures no mundo. Ninguém pode provar que ela existe, mas acreditamos. Porque somos humanos. Queremos sempre algo mais do que o que temos, temos sempre que estar à espera de alguma coisa e de acreditar que o que queremos existe, mesmo que seja lá, longe. Por isso é que as pessoas podem estar em cantos opostos do mundo e nunca se verem nem falarem, mas se são amigos, quando um morre, é o fim-do-mundo.. Nunca se iam ver, nada ia ser diferente. Mas morreu. Já não está do outro lado do mundo, já não está à distância de um telefonema que nunca acontece. Temos medo da morte, de desaparecer, e medo de aceitar que só temos o que temos. E medo de perceber que o que temos é bom, é óptimo, e nós é que usamos tudo mal e fazemos disto uma merda. É preciso ser forte... É preciso ter uma força descomunal e um cérebro de génio para com coisas óptimas, capacidades óptimas, matérias óptimas e sentimentos lindos, criar algo que detestamos.
Falhados. É o que todos somos.

Preferimos acreditar que algo ainda mais especial do que o que já temos - e não vemos - existe lá longe, do que olhar perto e perceber que a nossa alma-gémea está mesmo ao nosso lado, e que esse Deus, capaz de tudo, está dentro de nós.