23 agosto 2010

Yesterday

eu posso escrever amanhã. posso. posso sempre adiar. pode não ser bom, mas posso. por isso vou adiar e escrevo amanhã. amanhã, quando a cabeça não bater e o coração não doer (...) tanto. amanhã, no dia depois, no dia de ressaca do que aconteceu hoje. eu posso escrever amanhã. eu vou escrever amanhã.

Boa noite.
fiquei sem perceber porque não escrevo hoje. mas amanhã pode ser que o sol brilhe e eu seja feliz.
Quero escrever que sou feliz. mas qual é o sentido de ter um blog se tiver que adiar eternamente a escrita na esperança vã de ser feliz?

Quero escrever amanhã. dói demais dizer hoje que estou triste e repousar em seguida a cabeça na almofada coberta de medos e de tristezas desenterradas pela escrita.

Escrevo amanhã.está decidido.

É sempre melhor escrever do que ser escrito.por isso escrevo amanhã sem falta. amanhã, antes que o meu epitáfio chegue primeiro.
Amanhã vou escrever eu. Quando morrer vão ter muito tempo e muito mármore para gravar o quiserem escrever sobre mim, aquele que um dia escreveu que escreveria quando fosse feliz... e que, depois disso, nunca mais escreveu uma palavra.

Boa noite.
Leiam-me depois, algures, na felicidade de escrever.

06 agosto 2010

Love is a Loosing Game

Quem é que se importa com o jogo? Hoje em dia, tudo gira em volta do resultado final. Ganhar acima de tudo. Por isso é que o amor morreu, se é que algum dia a humanidade o segurou vivo. O amor, é um estilo de poker, em que realmente nos preocupamos com o que podemos perder. O banco não pode simplesmente fazer-nos o empréstimo de um sorriso, ou de um coração. Tentamos escapar ao jogo, através de pequenos jogos mais inofensivos que só fazem pior. E nem nos apercebemos que já estamos a jogar, quer queiramos quer não. Porque ao contrário do que dizem, ao contrário do que a Amy vai cantando entre o whisky e a coca, a rehab e a sobriedade... Não é o amor que é um jogo de azar, um jogo de derrota. É a vida.
E nós somos cegos. Vivos. Cegos. E continuamos a jogar sem saber, inconscientemente viciados. Numa adicção que não é a nossa, sem controlo, porque só queremos jogar, não importa o quê. Queremos jogar. Porque um dia alguém disse que temos de viver, porque um dia alguém nos colocou na cabeça que morrer é mau.
Porque é que a morte é sempre um estado pós-vida, e não é a vida que é um estado pré-morte?
É o mundo. Somos nós. Viciados. Vivemos com um sorriso o nosso vício enquanto descriminamos quem se vícia dentro do próprio vício. Somos tão grandes dentro das nossas colmeias, e tão pequeninos em toda a floresta.
É o mundo.
Continuamos a jogar os dados, a virar as cartas, a um ritmo alucinante. Continuamos - a cada jogada - a acreditar que pode ser o nosso jogo de sorte. Todos os dias é assim. Todos os dias tentamos e todos os dias falhamos.
Todos os dias viramos cartas e todos os dias nos desiludimos porque não é o nosso Royal Straight Flush. E nem percebemos que devemos ficar felizes, se tivermos a rara sorte, de termos um pair.


[as minhas cartas e os dados estão no chão para quem as quiser apanhar... até daqui a uns dias. o meu casino vai fechar para obras. Finalmente, o meu suicídio durante uma semana. Play ya later.]