25 julho 2011

Sounds of Silence

Vazio.
Coberto dos ecos das palavras que outrora o enchiam de canto a canto
em eternas repetições do que já foi dito
lembranças de uma vida que existia e que era partilhada
recordações de um tempo em que as coisas aconteciam e eu as deixava acontecer.
O que se ouve agora é vago, quebrando o silêncio de modo meigo, num sussurro de memória que deixa esperança.
É raro o dia em que agora, aqui, se diz algo novo. É rara a luz que ainda consegue cortar a escuridão - ela já se fortificou, coberta de cota-de-malha, permanece impenetrável e sem fugir. Não porque já se tenha dito tudo, apenas porque tem medo da infinidade de coisas que ainda tem para dizer.
E porque ninguém quer gritar para não ser ouvido - todos pregamos para que alguém oiça, até Santo António procurou peixes - quem sabe eu não vá às aves ou às pequenas larvas, a qualquer lado.
Algo
algo além destas paredes que me prendem, deste chão que me suporta e deste tecto que me tolda a visão do eterno céu. Nada reflecte a vida e o riso, mas por outro lado

como é possível reflectir aquilo que não se recebe?
não sei até que ponto vivo, ou até que ponto se deve viver. Não sei se me cultivo e até que ponto não é demais. Pergunto-me se alguém vive satisfeito, e se sim, pergunto-me porque é que tive de nascer diferente.

03 julho 2011

It's not me, it's you

Talvez eu me arrependa profundamente
talvez tudo o que eu queira seja voltar,
talvez eu não saiba ainda como o admitir
e, quem sabe, talvez seja isso que me está a matar.

Como voltar para um sítio onde nunca estivemos?
Como viver e retomar uma vida que nunca vivemos?