30 abril 2010

A Lack of Colour

And when i see you, i really see you upside down...

Todos os dias são dias, mas apenas alguns são nossos.

Eu sei o que quero mas falta-me a coragem para o fazer, escondo-me atrás de máscaras, vou passando os raros dias que partilhamos em fingimentos, cada vez percebendo menos do que se passa... cada vez sentindo mais falta de nós nos meus solitários dias. Apareces e desapareces quando queres, dás notícias que em nada aquiescem ao que mostras. De certo modo, é isso que me desafia... Nunca tive muita dificuldade em perceber e saber os desejos mais íntimos das pessoas, elas eram sempre como reticências, e tu és o meu ponto de interrogação. És a minha fase de perguntas. És a coisa mais insegura na minha vida, se é que fazes parte dela.
Não sou estável, nem seguro, preciso de apoio... muito apoio, e não de mais alguma coisa para me fazer cair.

Já tive tantas cores, e já desejei inúmeras vezes ser incolor... Mas as cores acabam sempre por aparecer, mesmo que apenas queiram sujar para depois ser apagadas. A cor, todas as cores, se baseiam no negro. Todos temos um lado preto, sujo, perverso. Criminoso.
Pensas que sou um mísero passageiro da tua viagem, que não tenho direito a conduzir também... Que podes acelerar e travar em qualquer altura. Não é assim. Eu também mando. Eu também tenho controle. E se é para ir de boleia sem poder discordar e conversar sobre as decisões... prefiro ir de autocarro.

Não quero lembrar-me de ti, pois isso seria sinal que algum dia tive de esquecer-te.



Até Logo.

...


[Now i know it's too late, i should've given you a reason to stay]

24 abril 2010

Deixa Morrer

Tenho medo de viver.
Acabei de perceber que estou há duas horas a imaginar que era 2012...
Tenho medo do que possa acontecer até lá, e depois também.
Tenho medo do que sou e do que me possa tornar.
Tenho medo de viver.

Black Roses

Há qualquer coisa que me chama, enquanto te chama a ti também. Qualquer coisa, simples, que me puxa, me confunde, mas me deixa forte e a sentir que suporto o peso do mundo com o meu sorriso. Um toque, um olhar, uma palavra. Mais nada. É a simplicidade no momento certo, a aterrorizante certeza de perder o controlo sobre mim. É o teu jeito simples de me entrar na mente, de me fazer sorrir e me deixar à deriva, a flutuar, entre a realidade e o sonho, à procura de algo que acaba sempre por me encontrar.
São tantos medos e tantas vontades, tantos impulsos descontroladamente controlados, tantas vozes sem ouvir voz nenhuma. Tantos sim escondidos por detrás de tantos não. Tantos inseguros não sei disfarçados por milhentas provocações. Tantas trocas e brincadeiras, tanto em tão pouco. Tão nosso. tão meu...
Há qualquer coisa que me pede, se ajoelha à minha frente e me implora para não fugir e para não te deixar fugir. Há qualquer coisa, certa, errada..sonhada, que me diz que existes e que vamos ser um. Um de muitos. Um dos muitos uns formados por duas pessoas, mas a única colectividade realmente individual, sem partilhas, mas posses, porque não se partilha quando só existe um ser. Somos um. Única unidade. Único. Sempre. Nunca.
Sou fome, sou sede, sou tanta coisa. Sou o não saber e o não querer saber, sou a quantidade e regularidade com que me regas no teu jardim, a tua flor a quem dedicas muito ou pouco tempo. Sou o teu sonho que tens medo que te domine. Sou o medo com que sonhaste a vida inteira. Sou as tuas sensações e as minhas. As nossas verdades sonhadas um dia. As realidades perdidas no nada. Um nada que preenche tudo, que me enche o jardim de uma cor diferente de verde. És a novidade carregada de expectativas que me mudou a cor há esperança. És o futuro que apareceu no meu presente e sem esforço eliminou o passado. És o conjunto de todos os tempos, de todos os verbos e substantivos. És a língua portuguesa com que te vou presentear e a língua universal com que te vou amar. És tanto e tão pouco, és o sonho de voltar a ter jardim, és o meu sonho florido e eu sou a tua flor perdida.
És todas as letras com que escrevi este texto para ti. És eu. És o fruto do meu amor e da minha imaginação, dos meus sonhos. És o meu transe e o meu desejo de nunca mais viajar. És a minha contradição, és as minhas indecisões. És o não sei da minha vida, e a verdade, é que nunca sei nada.
Peço-te que me regues todas as noites nos meus sonhos. Agora que arrancaste as ervas daninhas dá uma nova vida a este usado jardim, a este estrume, a este nada escondido. Planta o que sempre sonhaste que iríamos sonhar e colhe o que eu um dia desejei vir a colher contigo. Faz.

Sou a rosa vermelha que um dia sonhaste colher e as pétalas negras que repousam, esmagadas, nas tuas mãos.

[tenho as mãos marcadas pela rosa negra que há pouco segurei. Perdi-me na nossa unidade e não sei qual de nós sou.. Já não estou certo que existas. Não estou certo que estejas comigo sem ser em mim. Onde estás?]

19 abril 2010

Summer Nights

Fins de semana de verão,
semanas de inverno.
Neve quente em sol gelado.
E assim eu ando desencontrado.

Caímos nos mesmos erros inúmeras vezes seguidas, mesmo que nunca o admitamos. Voltamos sempre a cair no buraco depois de dizermos que nunca mais o iríamos fazer... E o pior, o pior de tudo, é que quando damos conta disso ainda vamos a tempo de voltar a solo seguro. Mas eu, nunca escolhi a segurança.
Não és seguro, não és refúgio. Consegues ser tudo sem ainda ser realmente nada. Consegues controlar as estações e usar o Sol a tua bel-prazer. Consegues fazer-me querer usar casaco ou calções. Consegues tudo. Sol e chuva ao mesmo tempo. Com um sorriso, um olhar, uma canção...
Até quando?

Tenho todas as letras para te escrever e infinitos números para contar a tua ausência.

14 abril 2010

I am...

Sou um fardo, sou o jugo que eu próprio tenho de carregar. Sou o chicote que me feriu as costas e o punho que me pintou negro no olho.
Sou aquele que tem dois buracos negros no lugar dos olhos, sou aquele que domina o abismo. Aquele que acena para ninguém ver. Aquele que cumprimenta para não receber resposta. Aquele que não se enquadra, que não se mistura, que não encontra um sítio por mais que o procure. O que tem toda a sorte do seu lado e não consegue sorrir.
O que jogou tudo e ficou sem nada, o que construiu e destruiu. Aquele que se vende sem vergonha em frente de todos. O que finge, que se expõe em troca de nada. Sou eu. É a amostra nojenta do que fui e sou, sou a ignobilidade, o medo, o terror.
Sou aquele que todos desprezam por auto-protecção, aquele que desilude, e que se desilude. Aquele que embora já esteja no fundo, todos os dias cava um pouco mais o buraco.
Aquele que fala com as pedras da calçada, que se confessa às paredes. Que grava a sua voz para sentir que alguém fala consigo. Que ouve o seu eco para sentir que não está sozinho.
Sou o que engana, que mente, que traí e que joga. Sou tudo e sou nada. Sou o negativo do termómetro.
Sou aquele que odeia o maior defeito que possuí: vitimizar-se.

Estou farto de ser quem sou.
Estou farto de todos.
Estou farto de mim.
Estou farto de tudo.
Fartei-me...

Este mundo não é o meu.

08 abril 2010

Happy Ending


Um dia tudo foi verdade.
Existíamos os dois na nossa imperfeição.
Tínhamos uma lágrima no canto do olho,
um sorriso nos lábios
e um refúgio para onde voltar ao fim do dia.
Mesmo que o resto do mundo estivesse contra nós,
tínhamo-nos um ao outro.
Isso era mais do que o bastante para mim.
Era tudo o que eu tinha.
Eras tudo o que eu tinha.
Mesmo que tudo caísse em cima de mim,
mesmo que nada mais valesse a pena...
tu estavas lá. Tu valias a pena.
Amei o teu riso torto
Amei a tua face e a tua pele
as tuas tentativas frustradas
os nossos dias.
Amei-te.
Eu amei-te.
e tu jogaste-me.
Compulsivamente.
O teu verde desapareceu.
De ti, em mim, só ficou uma mancha negra.
Pensei que teríamos um final feliz.
Acreditei em finais felizes
todos temos o direito de ser ingénuos.

Pensei que o nosso final já tinha acontecido à muito tempo.
O meu pode ser amanhã...
Porque é que tens sempre que virar o meu mundo ao contrário?
Tenho saudades tuas

Mas não. Agora não. Já não acredito em finais felizes.
Já não acredito em ti.

Os finais felizes não passam de histórias inacabadas.

06 abril 2010

Start of Something Beautiful

Tudo... e nada.
não sei.
muito sinceramente, continuo sem perceber nada.
Devia estar apavorado mas não estou. O pânico foge-me por entre os dedos, enquanto tento agarrar a vida.
Gostava de estar a sorrir, gostava de estar a chorar, a tremer... Gostava de ter alguma reacção.
Tudo menos o estado apático em que me encontro.
À minha frente... um beco sem saída. Não vejo cruzamentos, não vejo uma auto-estrada. Só um beco que termina numa grossa parede de tijolo. Sem saída. O fim. De tudo... ou de nada.
Tenho olhos mas parece que já não vejo. E por outras vezes, parece que vejo de mais, com todos os sentidos que me pertencem.
Talvez todo este estado sem sal nem açúcar, todo este meio termo seco, todo este irritante mastigar de sentimentos acabe assim que puder engolir os resultados. mas e se eles forem arsénico?
Tudo está a mudar... Sinto que vem aí uma vida nova. Resta saber se é neste mundo.
Os ventos sopram-me na cara e contam-me segredos ao ouvido, dizem-me que está tudo bem, e por isso não me tenho preocupado. Também os ouço aos risinhos sobre o amor, mas nada me parece florir desse campo de risos.
Pessoas vão entrando, outras saindo. A vida é tão instável que o que agora no começo não parece nada, se pode transformar em algo que nunca imaginámos.
E com vãs esperanças de um futuro vou continuando, sorrindo e chorando na minha inexpressão... Desejando que isto seja O Começo de Algo Belíssimo.