25 dezembro 2010

Baby, it's cold Outside

É capaz de estar frio lá fora, mas estou pouco preocupado com o que quer que seja que o meu corpo possa sentir. Foram demasiados os anos que passei assim, num aquecimento físico para tentar compensar o termóstato mental avariado. As constipações resolvem-se com lenços, as gripes com um dia de cama e comprimidos, por isso, vou lá fora. Vou lá fora só porque me apetece ir lá fora, e quem sou eu para me castrar a mim mesmo? Quem é o meu lado social para castrar o meu lado humano?
ninguém.
Por isso, sim, eu vou lá fora. Esteja neve, granizo, chuva, vento ou sol. Eu vou. Porque independentemente do frio que faça eu vou estar quente. Como alguém que se aquece com a sua própria força. Como um comboio a carvão que à terceira viagem já não precisa de combustível. Aqueço-me só por ter cumprido uma vontade estúpida.
Gostamos tanto de menosprezar vontades estúpidas só para nos sentirmos inteligentes que deixamos de nos proporcionar aqueles prazeres quase invisíveis, tornando-nos ridículos. Somos humanos, temos vontades humanas. Mesmo sem estar grávidos, temos desejos. Momentâneos, podem até parecer ridículos, mas desejos. Às vezes tão simples de cumprir como vestir o roupão e ir à varanda. Hoje fui. O mundo não parou, não começou a girar ao contrário, o meu coração também ainda bate da mesma maneira. O que mudou foi só uma coisa: senti um segundo de prazer quando abri a varanda. Um segundo de um prazer que - por ser desprezado - podia nunca ter acontecido. Claro que agora não respiro bem pelo nariz, mas o ar que me enche, vem com mais respeito por mim. Porque eu fiz algo completamente desnecessário, só porque queria.
Não percebo porque é que o físico é sempre mais valorizado. Os bens essenciais são aqueles que nos protegem o corpo da morte. Aqueles que mantêm o nosso corpo vivo. Então e a mente? Não é importante mantê-la viva também? Deixá-la com vontade para viver? De que é que vale vivermos corporalmente se a nossa alma está morta? Não é viver. É arrastar. E a vida não é para ser arrastada. A vida é para ser vivida. E viver é criar situações, interagir.
Quantas experiências de vida posso eu retirar se ficar sentado no sofá, fechado em casa, porque está frio? E se for lá fora? Posso ir contra alguém, posso comentar que está frio, posso ficar doente e conhecer um médico. A vida cresce quando nós a vivemos. Quando pegamos nela, as coisas começam a acontecer. E do nada, de um desejo ridículo, nasce um propósito. E não é isso que todos procuramos? uma razão de viver?
Por isso sim. Pode estar um tornado lá fora, pode nevar, chover granizo e estar a trovejar. Eu vou lá fora. Porque o viver preso é um castigo, principalmente quando a cela somos nós próprios. E ao contrário do que todos queremos acreditar, a liberdade é um estado de espírito e não um regime político. Por isso eu vou lá fora. Porque no meu peito, eu já lá estou.
e hei-de estar.

19 dezembro 2010

Empire State of Mind

hoje percebi que a minha vida está a um ano e meio de distância e eu não posso fazer o tempo andar mais rápido.
As pessoas mudam com o ambiente. As pessoas mudam com o lugar. As pessoas mudam com o país.
Estou farto deste país que me faz ser quem sou. Quero voar.

Algum dia me vou ver livre disto?
Será que esse estado de espírito livre combina comigo?

Um dia que escrever aqui, neste blog, à noite, em português, e não quero que essa seja a língua que falei o dia todo.

15 dezembro 2010

Still crazy after all these years

depois de tudo...
a rua não ficou mais nua
as nuvéns não ficaram mais negras
o sol não se pintou de cinzas
a casa não mudou de lugar
a minha casa continua colada à tua

depois de tudo...
eu não sei mais de ti
porque agora as paredes perderam os sentidos
e eu não tenho outra forma de te ouvir
sentir
tocar
ver...
amar

tudo é eterno enquanto dura
e tu foste para sempre
enquanto quiseste ser

depois de tudo...
a rua continua a encher-se de multidões
a tua banheira continua a aquecer dois corpos ao mesmo tempo
o casaco que eu te dei
é o mesmo
exactamente o mesmo
tudo é exactamente igual
eu tu... já não importa
para mim já nada importa


depois de tudo...
eu continuo a mentir
quando não olho para ti
e tu continuas a mentir
quando olhas para mim

depois de tudo...
tudo ficou igual
igual a qualquer coisa diferente de Nós (.)

26 novembro 2010

Mr. Cellophane

Transparente.
E que mais? nada.
Não deixo pegadas no chão que piso.
Sou um corpo de alma apagada.

Translúcido. com falta de lucidez.
Passo despercebido no meio da multidão.
Verdadeiro, com falta de verdade.
Encarnação dos reais e dos que dizem que são.

Não sou vampiro mas o espelho não me mostra.
Sou real, mas o mundo não me sente.
Sou a dor de um fantasma usado,
que vive neste mundo demente.

Transparente.
E que mais? nada.
existo numa qualquer dimensão trocada.

19 novembro 2010

Thoughts of a Dying Atheist

Pensei que não precisava de mais do que o que tenho, mas sinto falta daquilo que nunca tive.
tenho a pele pálida e a alma cheia do vazio das não-vivências
tenho os cabelos sujos, cobertos dos pecados que nunca cometi.
A água magoa-me, enquanto lava o meu ser das memórias dolorosas que eu lembro nunca terem acontecido.
Tenho na cara um sorriso insensato, um sorriso falso e inconsciente que não controlo. Os dentes, com uma deplorável vontade de aparecer, mostram-se - mais brancos que nunca. - mentirosos! Não são sujos. Mas não são como se mostram. São assim assim. Com a brancura de quem nunca foi puro, mas que nunca sequer ousou sujar-se.
Ilusões de óptica. Óptica Iludida. Óptica de ilusões.

Agora percebo como a vida é efémera
e como o mundo é utópico.
Como os dias são anos e os anos são vidas. Como já ninguém perdoa um grão de areia que nos faz piscar o olho direito. ou o esquerdo. Não interessa.
Já ninguém perdoa um piscar, ninguém perdoa um segundo. Ninguém nos perdoa. e num dia - que é um ano - a nossa vida muda por um grão de areia.
E depois? mesmo quando o grão de areia já não habita a nossa retina e nós já conseguimos ver tudo novamente...parece tudo igual - só passou um segundo - mas igual numa dimensão que não conhecemos. Um igual exterior que não é reflexo de um interior que mudou. É a velocidade da visão contra a velocidade do pensamento.
Nem sempre o que vemos é crível, porque a visão não corre de mãos dadas com o pensamento. E o mundo pode estar em colapso, pode estar a cair aos pedaços, e nós vemos um mundo perfeito. Porque a visão não é verosímil. É falsa e é lenta. Facilmente manipulada.

Tenho o interior aos saltos e o meu corpo está calmo.
Isso faz de mim falso? bem... faz de mim humano.
Descobri a humanidade que não sabia que tinha.
Não sei porquê, mas isso não me deixa feliz. ou talvez saiba.

Tenho pena que a vida seja assim, e que as pessoas fujam por um grão de areia.
Ou se calhar é só de mim,
por ter grãos de areia que são pedras da calçada portuguesa.
Por ter os olhos feridos pela dor de ver aquilo que não quer ser visto, e que se esconde, por trás dos olhos daqueles que não querem - e nunca quiseram - ver.

15 novembro 2010

Lonely

O mundo continua a existir mas eu sinto-me sozinho no Universo.
Vozes, suspiros, choros, gritos... vida à minha volta. E eu aqui. Sozinho no meio de tanta gente. Preso. Acorrentado aos meus próprios pensamentos egoístas, preso a um mundo que não é vosso - e embora exista só na minha mente - não chega sequer a ser meu.
Congelado na cela do ser. Sem vontade de ser aceite. Sem vontade de aceitar.

O mundo é uma rede que me prende, uma corda que me amarra. E eu só consigo pensar em usar a faca de forma errada.

05 novembro 2010

Echoes

Ecos de nada. É ao que se resume o mundo de hoje em dia. Míseros pregadores de uma palavra sem pensamento. Cabeças Ocas. Cabeças de eco. Destruímos um mundo com potencial ao mesmo ritmo e com a mesma facilidade com que vamos destruindo as nossas vidas. Pensamos todos que estamos apenas a caminhar à beira do precipício, mas ainda não nos apercebemos que já estamos em queda livre. Descontrolados. A ouvir o eco dos gritos mudos da Natureza, de olhos vazios, a olhar o mar que nunca sentimos porque estávamos demasiado preocupados em tê-lo. É a isso que tudo se resume... A possuir. A ter. Ou pelo menos, a dizer que temos.
Queremos ter tudo, não interessa se precisamos. Basta ter. E ter.
Ecos...de risos. Sinfonias...de gritos.
És o eco do que eu quiser que sejas. O eco do mundo em mim. A reverberação que o Universo me atira. E ao mesmo tempo, não és nada. Ainda não és nada, por mais que eu queira que sejas. O futuro do meu passado, o presente do presente que ainda não chegou. E que, espero, um dia, chegar.
És o eco de um mundo de ecos. Todos somos o que somos. O pó das estrelas, a repetição do seu som e a propagação da sua luz.
Repete-te. Em mim. Quantas vezes quiseres. Usa e abusa de mim. Do meu corpo. Da minha carne impura que se desfaz sem que eu possa fazer nada. Não posso impedir algo do qual já não tenho controlo.
Ecos de risos, de choros, de gritos... o mais doloroso dos ecos do mundo inteligível. O que é este pensamento senão uma sombra, um eco, do de Platão?
Somos todos a repetição de algo que já aconteceu.
Vamos criar algo novo a partir do que já se fez.
Já aconteceu algo novo mesmo sem saberes, ainda sem sequer existires, já me fizeste sorrir. Obrigado.

Quem és? Onde estás?
estás
tás
tás
ás
ás
ás
s

24 outubro 2010

Requiem for a dream

Porto, 19 de Dezembro de 2006


Podia ter sido um sonho tornado realidade.

Podíamos ter passeado pelas ruas e pelos jardins, brincado como brincam as vítimas dos destinos fáceis. Podia ter-te contado as histórias mais bonitas do mundo para que sonhasses que o mundo era teu e que o reino eras tu. Podia ter-te protegido de todos os fantasmas ilusórios que assombrassem o teu futuro. Podia ter-te dado mais, muito mais, mas não pude.

Podia simplesmente ter-te levado à escola pela mão no primeiro dia, ter-te limpo as lágrimas quando percebesses que o mundo perfeito nada mais era que uma utopia. Gostava, gostava tanto de poder ter-te visto a rir com os palhaços, a correr atrás do teu sucesso pessoal. Podia também ter-te dito o não, que certamente não ias gostar de ouvir.

Não sei verdadeiramente de quem foi a culpa, tudo aconteceu rapidamente sem que eu pudesse fechar aquela porta que abri sem querer. Talvez eu tenha sido apenas uma vítima da minha fraqueza mas não sei ao certo a verdadeira causa de todos os meus actos.

Quando o meu mundo estava confuso, apareceu alguém, alguém momentaneamente perfeito que estava disposto a trazer de novo a minha alma e o meu sorriso.

Era tudo maravilhoso, sabes? Trouxe-me tanto, em tão pouco tempo, fez-me acreditar que havia algo mais para além da minha insignificância. Mas depressa consegui perceber que tudo aquilo não passava de uma máscara, de um fingimento absurdo. Depressa revelou o seu lado mais negro. Quando percebi, já estava envolvida em todos os seus esquemas horríveis, tão envolvida ao ponto de mudar a minha vida. Todos aqueles comportamentos me soavam a estranho e me pareciam errados, mas mesmo assim, querendo a todo o custo integrar-me naquele que não era o meu mundo, agi como se agia ali e sem pensar como seria depois, entreguei-me a esta nova fase da minha vida.

Eu era jovem e tudo aquilo era muito novo para mim, mas eu sabia o suficiente para perceber que nada daquilo estava certo. Aquele era o mundo da droga, da destruição, aquele mundo que todos criticavam e desconheciam. Depois do sentimento de surpresa perante toda aquela revolução drástica, senti-me orgulhosa; ele confiava em mim, mostrava-me todos os seus caminhos, todas as suas portas e se lhe dissesse que não queria o mesmo para mim iria desiludi-lo. Senti-me na obrigação de fingir que fazia parte daqueles esquemas, e depressa nos tornámos inseparáveis, até que descobri algo que nos uniria para sempre.

Estava grávida. Achei que iria ser bom para nós, mas quando lhe dei a grande novidade, todas as coisas se desmoronaram. Foi como se me tirassem o chão, como se tudo caísse por terra. Ele tentou persuadir-me, dizer-me que aquilo iria estragar tudo, que nós não estávamos preparados para um passo daquele tamanho. Mas eu estava, aquilo era o meu sonho, tudo aquilo que eu sempre quis e ele estava a estragar tudo agora. Não tive palavras para lhe dizer, perante todo aquele egoísmo. Saí, chorei e gritei de revolta mas acabei por achar que ele não estava a ver bem as coisas, eu tinha de lhe mostrar o lado bom da questão e então tentei ligar-lhe, falar com ele, ir ao "sítio dele” mas nunca mais o encontrei. Passados uns tempos, ouvi por aí que tinha morrido de overdose, mas não sei se foi mesmo verdade, visto que as pessoas têm o dom de saber os supostos finais das vidas de terceiros, mesmo que esses finais nunca aconteçam.

No início, toda aquela história me abalou, como é que toda aquela beleza pode ter acabado assim? Tudo estava ali, bonito, presente, e agora, de um momento para o outro, eu estava sozinha, com um filho que iria nascer sem pai.

Passado algum tempo, tudo me fascinou; as consultas no médico, os pontapés na barriga. Apesar de todas as dificuldades que iria ter, eu queria aquilo, eu sabia que queria. Naqueles momentos de pura frustração e solidão, eu iria poder olhar para ti e sentir que não estava totalmente só.

Quando soube que já não estavas dentro de mim, senti-me tão inútil, qual era o meu papel agora? Não tinha mais ninguém, nem forças para descobrir alguma pessoa que precisasse de mim, que se preocupasse comigo. Eu não tinha mais nada.

Reflectindo sobre a minha vida, tudo o que tinha passado por mim tinha sido breve, nada permanecia tempo suficiente para me deixar feliz. Tudo era uma ilusão, primeiro o homem perfeito que rapidamente deixara de o ser, depois tu, tu! A única pessoa importante que eu achava que nunca me iria abandonar, também tu morreste, também tu te foste embora sem que eu pudesse sequer ter-te nos meus braços para te abraçar e dar o carinho que nunca ninguém me deu.

O resto da minha vida foi passado a sonhar. Já tive muitos sonhos e percebi que se não estivermos à espera que esses mesmos sonhos se realizem, nunca nos desiludimos, porque eles acontecem em nós com a intensidade que nós próprios desejamos.

Estou aqui sentada com a morte ali, deitada na cama. Se pudesses perguntar-me se me arrependia de um dia ter-me envolvido com um toxicodependente, ter ficado grávida sozinha para depois perder o meu filho, eu responder-te-ia, com toda a sinceridade do meu coração, que não. Não me arrependo, porque essa parte foi a única coisa real que me aconteceu, a única com que eu não sonhei.

Sei que nunca vais ler isto, mas fi-lo com toda a minha dedicação. Gostava mesmo, que aí em cima, percebesses que foste a única coisa boa que me aconteceu. Nunca pude demonstrar que te amava, mas amei-te sempre, desde o primeiro minuto que soube que te tinha em mim e mesmo que tenhas deixado de dar pontapés na minha barriga, estiveste sempre nos meus mais solitários sonhos.

Até já.

15 outubro 2010

Fat Lip

Há qualquer coisa de sujo na maneira como amo.
Algo de porco na maneira como me chamo, e como me sinto. Qualquer coisa nojenta no meu toque e nauseabunda no meu cheiro. Qualquer coisa. Capaz de mudar tantas outras. ou capaz de não mudar nada.
Há qualquer coisa de podre num reino que não é meu. Num mundo inexplorado onde nunca ninguém viveu. Que eu vejo. e sinto. e cheiro.

Há qualquer coisa de morte na vida que me rodeia, e um pouco eternidade no tempo que me escasseia.

10 outubro 2010

Soul Meets Body

e se eles nunca se conhecerem?
se esse equilíbrio nunca acontecer?
hoje é um dia não que se sucede a um outro que já o foi. O que é que se passa?
não posso negar quem sou e é a isso que tudo se resume.
Onde é que eu estou?
Porque é que eu estou?
Como é que eu deixo de estar num tempo tão curto?

Sou tão inconstante como a Lua e, no entanto, até ela se conseguiu pegar à Terra para sempre.

02 setembro 2010

Another Soulmate

Procuramos a vida toda por alguém. Mas qual alguém? Alguém que acreditamos ser especial, que acreditamos dar rumo à nossa vida que parece sempre confusa. Alguém, maior que os outros, mais especial. Perfeito. Gostamos tanto da perfeição.
Procuramos a vida inteira por alguém que, supostamente, vai merecer o nosso amor. Mas no fundo, o que é certo, é que o damos sempre às pessoas erradas.
Mas o que é isso de alguém? Chamemos-lhe alma-gémea.. o que é isso? São sonhos, quase uma regra que nos incutem desde crianças. Uma crença como todas as outras.
Ensinam-nos que se festeja o Natal porque foi quando nasceu Jesus. E onde está Jesus?
Ensinam-nos que existe uma metade de nós aí à solta no mundo, a nossa cara-metade, a alma-gémea. E onde está? Ah, claro.. algures no mundo. Ninguém pode provar que ela existe, mas acreditamos. Porque somos humanos. Queremos sempre algo mais do que o que temos, temos sempre que estar à espera de alguma coisa e de acreditar que o que queremos existe, mesmo que seja lá, longe. Por isso é que as pessoas podem estar em cantos opostos do mundo e nunca se verem nem falarem, mas se são amigos, quando um morre, é o fim-do-mundo.. Nunca se iam ver, nada ia ser diferente. Mas morreu. Já não está do outro lado do mundo, já não está à distância de um telefonema que nunca acontece. Temos medo da morte, de desaparecer, e medo de aceitar que só temos o que temos. E medo de perceber que o que temos é bom, é óptimo, e nós é que usamos tudo mal e fazemos disto uma merda. É preciso ser forte... É preciso ter uma força descomunal e um cérebro de génio para com coisas óptimas, capacidades óptimas, matérias óptimas e sentimentos lindos, criar algo que detestamos.
Falhados. É o que todos somos.

Preferimos acreditar que algo ainda mais especial do que o que já temos - e não vemos - existe lá longe, do que olhar perto e perceber que a nossa alma-gémea está mesmo ao nosso lado, e que esse Deus, capaz de tudo, está dentro de nós.

23 agosto 2010

Yesterday

eu posso escrever amanhã. posso. posso sempre adiar. pode não ser bom, mas posso. por isso vou adiar e escrevo amanhã. amanhã, quando a cabeça não bater e o coração não doer (...) tanto. amanhã, no dia depois, no dia de ressaca do que aconteceu hoje. eu posso escrever amanhã. eu vou escrever amanhã.

Boa noite.
fiquei sem perceber porque não escrevo hoje. mas amanhã pode ser que o sol brilhe e eu seja feliz.
Quero escrever que sou feliz. mas qual é o sentido de ter um blog se tiver que adiar eternamente a escrita na esperança vã de ser feliz?

Quero escrever amanhã. dói demais dizer hoje que estou triste e repousar em seguida a cabeça na almofada coberta de medos e de tristezas desenterradas pela escrita.

Escrevo amanhã.está decidido.

É sempre melhor escrever do que ser escrito.por isso escrevo amanhã sem falta. amanhã, antes que o meu epitáfio chegue primeiro.
Amanhã vou escrever eu. Quando morrer vão ter muito tempo e muito mármore para gravar o quiserem escrever sobre mim, aquele que um dia escreveu que escreveria quando fosse feliz... e que, depois disso, nunca mais escreveu uma palavra.

Boa noite.
Leiam-me depois, algures, na felicidade de escrever.

06 agosto 2010

Love is a Loosing Game

Quem é que se importa com o jogo? Hoje em dia, tudo gira em volta do resultado final. Ganhar acima de tudo. Por isso é que o amor morreu, se é que algum dia a humanidade o segurou vivo. O amor, é um estilo de poker, em que realmente nos preocupamos com o que podemos perder. O banco não pode simplesmente fazer-nos o empréstimo de um sorriso, ou de um coração. Tentamos escapar ao jogo, através de pequenos jogos mais inofensivos que só fazem pior. E nem nos apercebemos que já estamos a jogar, quer queiramos quer não. Porque ao contrário do que dizem, ao contrário do que a Amy vai cantando entre o whisky e a coca, a rehab e a sobriedade... Não é o amor que é um jogo de azar, um jogo de derrota. É a vida.
E nós somos cegos. Vivos. Cegos. E continuamos a jogar sem saber, inconscientemente viciados. Numa adicção que não é a nossa, sem controlo, porque só queremos jogar, não importa o quê. Queremos jogar. Porque um dia alguém disse que temos de viver, porque um dia alguém nos colocou na cabeça que morrer é mau.
Porque é que a morte é sempre um estado pós-vida, e não é a vida que é um estado pré-morte?
É o mundo. Somos nós. Viciados. Vivemos com um sorriso o nosso vício enquanto descriminamos quem se vícia dentro do próprio vício. Somos tão grandes dentro das nossas colmeias, e tão pequeninos em toda a floresta.
É o mundo.
Continuamos a jogar os dados, a virar as cartas, a um ritmo alucinante. Continuamos - a cada jogada - a acreditar que pode ser o nosso jogo de sorte. Todos os dias é assim. Todos os dias tentamos e todos os dias falhamos.
Todos os dias viramos cartas e todos os dias nos desiludimos porque não é o nosso Royal Straight Flush. E nem percebemos que devemos ficar felizes, se tivermos a rara sorte, de termos um pair.


[as minhas cartas e os dados estão no chão para quem as quiser apanhar... até daqui a uns dias. o meu casino vai fechar para obras. Finalmente, o meu suicídio durante uma semana. Play ya later.]

25 julho 2010

Arsenic On The Rocks

Quero escrever mas tudo o que escrevo me parece estúpido. Estupidifiquei. A minha existência é vulgar, não marco o passo, não tenho ritmo, não passo de mais um ser humano no metro em hora de ponta, mais uma cabecinha indistinguível no meio de tantas outras. Banal. Mas na banalidade de quem?
Não sirvo para nada, sou só ar com voz que sai da minha boca porque as palavras são as mesmas que todos dizem, sou só gestos e exagerados escândalos porque o motivo, é o mesmo pelo qual todos exagerariam. Sou só mais uma fotocópia do mundo, num tamanho mais pequeno. Uma fotografia tipo passe, com quatro pelo preço de uma. É provável que já tenham visto alguém que pensaram ser eu, afinal, há tantos eu's espalhados por aí.
Sorrio da mesma maneira, choro da mesma maneira, já nem escrever minimamente consigo. Alguém acha que este texto está coerente? Sou uma pedra numa calçada, sou uma árvore numa floresta. Sou o ciclista no pelotão. Não tenho mais nada para mostrar nem para dar. Sou uma desilusão, tal como todos os seres-humanos, tal como o mundo.
Sou tão vazio, tão oco. Falta-me...
Sou o esgotado, a criatividade morta, a personalidade assassinada, a personificação do plágio, sou a arte apagada, o medo artístico, a verdade copiada. Sou eu. Sou tu. Sou o mundo. Uma marioneta. Um soldadinho. Apenas mais um entrave na máquina homicida.
Sou um quase, sou um nada. Sou feito de sonhos e faço pesadelos.
Sou a existência do desistir, e a desistência do existir.
Sou a indiferença. Sou o tanto faz.

E quando acabarem de ler isto? Vão suspirar... e vão ler mais outro texto qualquer com base no mesmo. Sou só mais alguém que escreve a reclamar com a vida e com o mundo, sou só mais um.
Mais um que diz que a vida é uma merda. Mais um que diz que queria morrer.

Só mais um.
Sem coragem para fazer o que quer.
e agora?
o mundo continua o mesmo e eu continuo aqui.
Continuamos todos aqui a viver sem querer, e a querer sem viver.

20 julho 2010

Blessed be the tie that binds

"É isso que é estar vivo. Vaguear perdido numa nuvem de ignorância; andar de um lado para o outro a estilhaçar os sentimentos daqueles... daqueles que estão ao nosso lado. Gastar o tempo como se tivéssemos milhões de anos à nossa frente. Estar sempre à mercê de uma ou outra vontade egoísta. Agora já sabes - é essa a feliz existência para onde querias voltar. Ignorância e cegueira."


"Anda tão depressa. Não temos tempo de olhar uns para os outros. Eu não percebia. Tudo o que se passou e que não reparámos."


"O dia está exausto como um relógio cansado."


A Nossa Cidade, Thornthon Wilder
[Teatro Experimental de Cascais, Seg. a Sab. 21h/Dom. 16 e 21h, até 1 de Agosto]

07 julho 2010

Hidden Track

hoje queria dizer tanta coisa aqui. Mas escrever as coisas torna-as verdades e eu continuo o cobarde que vive na mentira. Continuo a escrever-te como te quero e não como és. continuo a escrever o que quero ser contigo, e não o que somos - e seremos - sozinhos.
continuo a utilizar um sujeito que não existe, que é omisso, e a adjectiva-lo falsamente, para me enganar. Escrevo mentiras que quero que sejam verdades.

Continuo a utilizar o plural, em frases onde apenas existem dois sujeitos singulares.

Não quero escrever. com tanta força como aquela que digo que quero sorrir.

05 julho 2010

Apple's and Banana's

Era uma vez uma maçã
que de bonita era chamada,
uma maçã bem vermelha,
e ainda por ser trincada.

Era tão perfeita,
por todos tão desejada,
aquela maçã vermelha
e ainda por ser trincada.

Por mim ela foi comprada,
e foi bem saboreada,
aquela maçã vermelha
que de virgem não tinha nada.

Uma trinca. Ai que bom,
e a outra por ali ficou.
uma maçã tão vermelha
que o sabor me enganou.

Depois de mim, foram os outros
a quem ela se ofereceu.
Aquela maçã tão vermelha
que tem um pedaço meu.

A primeira dentada era perfeita
mas mais nenhuma ela deixava,
porque guardava o seu sabor
para os outros a quem se dava.

Acabou sozinha, a coitada.
Apelidada de porca,
embora entre cada trinca
ela fosse bem lavada.

E assim se transformou
a maçã tão desejada,
que por tudo querer de todos,
acabou sem comer nada.

04 julho 2010

Tonight

Eu pedi para parares e tu continuaste sem cessar. Pedi-te só um momento, para respirar, para pensar, para perceber, para esquecer. Não. Negaste-me tudo aquilo a que, embora não tenha direito, eu podia recorrer em último caso. Negaste-me a vida. Só porque não podes parar. Só porque tens horários a cumprir, como todos nós. PÁRA. PARA QUÊ?
A escada continua igual, e eu continuo a poder subi-las, todos os dias, contigo e sem ti. Deixa-me parar no próximo andar. Por favor, preciso de inspirar calmamente, contigo tudo parece tão inseguro. Para. Por favor. Parem o mundo, quero sair.


Adeus meu amante desconhecido,
que eu conheço às vezes,
às vezes,
quando vivo.

Adeus Mundo!

01 julho 2010

Canção da Canção da Lua

O que queres que diga mais?
Já perdemos todas as palavras.
Já marcámos as paredes de nós.
As ruas sussurram os nossos nomes.
Os candeeiros explodem com a nossa luz.
os sinais, o vento, as buzinas.
Só mais uma típica rua da metrópole
coberta de vultos e vozes,
onde eu só distingo o teu timbre.
Cada pedra da calçada portuguesa,
cada átomo do ar mundial,
a pressa de correr para chegar a lado nenhum,
onde não interessa,
onde não queremos estar.

E a rua... será que continua igual?
ou está diferente do que fomos?

Será que vamos passar naquele mesmo sítio sem nos lembrarmos do que nos levou até ali?

Em todas as ruas te encontro,
em todas as tuas te perco.

e agora?

Não quero o futuro, quero o presente que vem depois.


Fez um ano desde a primeira vez que escrevi neste blog e nem me lembrei... é a importância que dou ao tempo, aquele tempo, enquanto a rua está escura.

22 junho 2010

Capitão Romance

Sou capitão do meu barco
de piratas e de salvadores
Capitão do mar e do céu,
da terra, mundo e arredores.
Capitão de vontades e desejos,
de tristezas, formigas, moscas
e percevejos.
Capitão das casas e das ruas,
das aldeias e das cidades.
Capitão de formas, matérias,
estruturas e gruas, capitão de
reformas, ordenados, impostos
e pagamentos adiantados
(ou atrasados).
Capitão da verdade e da mentira,
da mente e do corpo, da beleza,
do amor, do cinismo, do medo
e da obscuridade.
Capitão das faltas, morais, amizades,
das falsidades e da sinceridade.
Capitão dos sonhos sonhados
dos sonhos vividos
das vivências sonhadas. Das
memórias, dos relógios, ponteiros,
do tempo. (De um tempo que não é meu
e que ao mesmo tempo, sendo nosso,
acaba por não ser de ninguém.)
Sou Capitão do meu barco enorme que não possuo.
Capitão da humanidade
dos animais,
das vacas mimosa
das vacas de quatro patas
das vacas de duas patas que falam
das vacas que gostam de vacas
daquelas que riem
e daquelas que seduzem os bois.
Sou capitão das vacas porque sou uma vaca
uma vaca que muge tudo o que pensa e que
por isso
é má-mugidora.

Sou capitão.
Capitão dos capitães
e daqueles que um dia o serão.
Capitão da palma da minha mão,
capitão do que digo, do que escrevo
do que penso.
Capitão da minha mente,
mente essa que possui um mundo,
no qual vivo,
e no qual sou Capitão.
Capitão de tudo o que lá exista.
E escrevo tudo aqui neste espaço,
porque é o meu, porque sou capitão.
Sou capitão do Romance,
do verso

branco
e das palavras,
embora ninguém acredite no que elas são.
A vida e a morte são minhas servas,
por isso, façam continência ao Capitão!
Não que elas o sejam mesmo,
mas só porque eu digo que o são.

Leste isto também,
embora não sejas meu subordinado
(nem eu teu Capitão)
Porque o primeiro passo para se ser alguma coisa,
é ter vontade
lutar
e acreditar
que se o é na realidade...

E este é o Conselho de quem se julga Capitão
de um mundo onde os mortos também sonharão.


15 junho 2010

Clocks


Todos os dias passam, acontecem, deixam a sua marca num tempo que não é seu e numa vida desacelerada, perdida no nosso pequeno e solitário mundo intemporal. Queremos um relógio gigante com ponteiros minúsculos, ansiamos pelos controlos para atrasar, adiantar ou fazer uma pequena pausa no nosso relógio vivido. Perdemos a completa noção do nosso caminho e do trilho a seguir, os ponteiros do relógio são a nossa bússola e as horas o nosso norte. Contamos estupidamente o tempo com medo de ficar sem ele, com medo que o relógio pare sem darmos por isso, mas para que nos serve saber que horas são, se nunca vamos saber quantas horas realmente temos?
As horas, os dias, a vida, passa tão rápido que não temos tempo de a apreciar nem de ver nada verdadeiramente. Desperdiçamos a vida, e os nossos tão preciosos dias, a localizar-nos temporalmente num mundo sem compasso definido. E no final? E quando as horas se intemporalizam? Pedimos mais... Porque, aparentemente, não tivemos tempo suficiente.
Só percebemos que o mundo é grande quando saímos dos nossos ponteiros, e só conseguimos desviar a atenção deles quando estão cansados de mais e param. Queremos tanto viver que reduzimos o nosso ângulo de visão, absorvemos todos os pormenores de dois pequenos ponteiros maestros, e o resto do mundo fica para depois. Adiamos sempre qualquer coisa. Quantas horas de vida já perdemos ao adiar o despertador dez minutos para dormir mais um pouco? No final vamos queixar-nos que tivemos pouco tempo para ver o mundo, porque tínhamos os olhos encarcerados na nossa preguiça.
Quanto tempo já perdemos em greves, no quotidiano excessivamente demorado porque "o próximo comboio também dá", em conversas de circunstância, em sorrisos falsos de aparência, em leitura de contentor ou em escrita impressa em euros? Quanto tempo já perdemos a pensar em vez de viver? A calcular se temos tempo para fazer alguma coisa, em vez de a fazer logo? E o mundo volta a ficar para depois.
Quantas são as pessoas que durante toda a vida planeiam uma viagem pelo mundo? Quantas são as que a fazem?
Os euros fazem andar os nossos ponteiros, os nossos ponteiros funcionam em relógios, e os nossos relógios marcam passo para o final do nosso tempo - e nós vamos deixando o mundo para depois, na esperança de poder adiar o relógio mais dez minutos: para mais um bocejo, mais um livro da Margarida Rebelo Pinto, ou para apanharmos um metro menos cheio (de certo modo, na nossa derradeira viagem temos o direito de ir confortáveis).
(In)felizmente, o tempo não para, o relógio não se atrasa e os ponteiros não esperam por nós. Não temos tempo de olhar uns para os outros, porque mantemos a ponta-seca em nós e a circunferência é desenhada à nossa volta e não à volta da vida.

Um dia vamos ter todo o tempo do mundo para reclamar que não tivemos tempo suficiente enquanto podíamos e vamos perceber que o tempo estava lá, e que sempre esteve, mas que nós estávamos demasiado cegos com medo de não o ter.

O tempo passa, os ponteiros avançam, as horas desvanecem o sorriso, e nós vamos esperando - de olhos presos no enlouquecedor ritmo - que o relógio esteja certo... sem nunca termos coragem para o acertar.

07 junho 2010

Cigarette Smoke

És o meu desejo virado ao contrário. Estás a correr em contra mão num mundo que anda todo ao mesmo passo e na mesma direcção. Uns atrás dos outros, eles vão passando nas minhas mãos e deixando a sua marca, o seu sabor. Fumo. Os cigarros. Devoradores da morte encoberta, sugadores da vida e do sorriso.
Sinto o teu hálito na minha boca. Trava. Deito-o fora. É um ritual. O meu ritual vergonhoso, a minha sede embaraçosa da qual não quero nunca ser descoberto. Eu puxo-te para dentro de mim, travo-te no meu peito e só Deus (se realmente existir) saberá como me sinto ao ter-te preso aqui... bem perto do meu coração. Depois expiro as nossas diferenças, os nossos problemas, e esvazio-me daquilo que já chorei por ti. Agarrado aos pulmões ficam os restos mortais do tabaco, ao coração os teus restos, e bem vivos por sinal.
És o último a sair daquele maço que se auto-intitula de Golpe de Sorte. Sempre é melhor do que ser chamado de Camelo. Fico nervoso com o teu toque nos meus lábios. Mas puxo. E sinto o fumo, o teu fumo, perdido na atmosfera do meu olhar, desenhando e escrevendo, rabiscando formas abstractas e lógicas no ar, como um pintor sem tela, ou com medo de pintar. Cada vez mais fumo à minha volta. Está no final. Vai acabar. E tu, também acabas agora? Ou já acabaste?

Um filtro, uma cinza apagada, uma mísera beata. O vestígio de um prazer culpado que eu deixei perdido num cinzeiro em qualquer parte, mas que continua a perseguir-me, atormentando-me por todo o lado. Tu.

04 junho 2010

Live and let Die

We care, we pray, we help... We carry on their own problems.
And what do they do? Fuck our life up with any problem at all.

Fight for your personal dreams... no one can hold you back from it. You're the one. YES, you can do it!

So smile, help, be free, be happy, solve all your problems, say everything you wanna say, to any person you wanna say to. Live.

Did you say it? I love you. I don't ever wanna live without you. today. Did you said it?...

(you should...)

It might all be gone tomorrow..


(little cute games don't matter. proud is death. don't be affraid. just open your mind and spread the words... you know you can do it. You are one word of distance from happyness.)

31 maio 2010

Looking Back

Elizabeth: Why do you keep them? You should just throw them out.
Jeremy: No. No, I couldn't do that.
Elizabeth: Why not?
Jeremy: If I threw these keys away then those doors would be closed forever and that shouldn't be up to me to decide, should it?
Elizabeth: I guess I'm just looking for a reason.
Jeremy: From my observations, sometimes it's better off not knowing, and other times there's no reason to be found.
Elizabeth: Everything has a reason.
Jeremy: Hmm. It's like these pies and cakes. At the end of every night, the cheesecake and the apple pie are always completely gone. The peach cobbler and the chocolate mousse cake are nearly finished... but there's always a whole blueberry pie left untouched.
Elizabeth: So what's wrong with the blueberry pie?
Jeremy: There's nothing wrong with the blueberry pie. Just... people make other choices. You can't blame the blueberry pie, just... no one wants it.
Elizabeth: Wait! I want a piece.

Obrigado, por teres abraçado um pedaço de mim quando mais ninguém queria, quando eu era atirado fora pelas ruas e por dentro mim me achava um lixo.

Elizabeth: How do you say goodbye to someone you can't imagine living without? I didn't say goodbye. I didn't say anything. I just walked away.

Adeus... só aqui é que tenho coragem de to dizer. Embora esteja feliz por ti... custa-me tanto ver-te ir embora.

Elizabeth: When you're gone, all that is left behind are the memories you created in other people's lives or just a couple of items on a bill.

Gostava de te poder dizer que continuo atrás da tua porta à espera que a abras... De te dizer que quero ficar contigo, e assim, impedir-te de ir embora e impedir-me de me perder nas avenidas e nos becos da saudade e do mundo. Mas...

Katya: Sometimes, even if you have the keys those doors still can't be opened. Can they?
Jeremy: Even if the door is open, the person you're looking for may not be there, Katya.

...

Elizabeth: The last few days, I've been learning not to trust people and I'm glad I've failed. Sometimes we depend on other people as a mirror to define us and tell us who we are and each reflection makes me like myself a little more.

Desculpa por só ter aprendido isso agora. E por, mesmo assim, continuar um cobarde. Quem sabe se estou a tomar a decisão certa ou a cometer um horrível erro? Tenho 6 horas para perceber... ou será tarde de mais... Gostava de te ver para perceber, embora os erros tenham, por vezes, de ser cometidos, e façamos de propósito para os cometer.

Leslie: Sometimes your rhythm's off, you read the person right but still do the wrong thing.
Elizabeth: Because you trust them?
Leslie: Because you can't even trust yourself.

Eu podia ter escolhido o caminho mais rápido. Atravessava a correr e nenhum carro me acertava. O outro lado da rua está tão perto... mas hoje quero dar a volta maior e ir à passadeira. Jogar pelo seguro nunca fez mal a ninguém. E não há ninguém do outro lado que me faça correr pelo meio da estrada. Embora gostasse que fosses tu a provocar isso em mim, não acontece. Desculpa. Boa Viagem. Vai ser estranho ter-te a milhares de quilómetros de mim.

Elizabeth: It took me nearly a year to get here. It wasn't so hard to cross that street after all, it all depends on who's waiting for you on the other side.


Frases retiradas de My Blueberry Nights.

28 maio 2010

Citizen Erased

Sopra.
Apaga a chama que gasta a vela.
Apaga-me.
Apaga o meu desejo
que nos gasta a nós.

Apaga o mundo há nossa volta,
apaga a minha necessidade de o explorar.
Apaga os continentes e os mares,
apaga a distância
para ela não nos separar.

Apaga tudo.
Deixa-nos apenas a nós.
Porque embora não estejas
apagado em mim, o resto do mundo parece
a paisagem perfeita para ser desenhada.

O meu desenho é diferente do teu.
Porque
Eu não sou,
Nem quero ser,
A tua imagem até morrer.

Está escuro agora.
Dizem que o negro é a ausência de cor.



Wash me away
Clean your body of me
Erase all the memories
They will only bring us pain
And I've seen all I'll ever need

Amo-te.
Desculpa que o mundo exista.

21 maio 2010

Crystalline Green

Pareces tão cristalino agora. Tão perfeito.
Tenho saudades, não tuas, mas de nós... do que éramos e tivemos.
Depois de ti só conto casos sem cor e relações negras. Será que fiz o errado?
Tenho tanto medo de perder o que importa com escolhas desacertadas.
Seguro-te com tanta força em mim, marcaste-me tanto.

E eu sei, sei com toda a minha saudade, e é isso que me dá forças. Sei que quando eu voltar à Green Hill, te vou ver com um copo meio cheio e meio vazio de um líquido verde, e que fisicamente nem vais reparar que estou ali, mas por dentro, vais abraçar-me, porque continuas aí, à minha espera. E eu de alguém como tu. Tenho pena que me tenhas desiludido tanto.

Acho que foste a única pessoa que amei, no verdadeiro sentido da palavra.
Acho que nunca te disse ao ouvido, ou olhos nos olhos, mas amei-te.
E ainda te amo.
E vou amar-te. A ti, ao verde, ao copo e às recordações. Porque ao contrário de tudo o que seria de esperar, eu estou a rir porque estou a lembrar-te, e estou com uma lágrima no canto do olho por sentir a tua falta.
E enquanto escrevia isto, e pensava no teu sorriso perto de mim, não me lembrei de mais nada, e foste o único, mas nunca solitário, morador dos meus pensamentos.

Amo-te.
Onde estás?
Onde nos perdemos?...

...porquê?

Goodbye, my perfect dream..

11 maio 2010

Colourless colour

Como hei-de escrever poesia se nem consigo soltar do meu peito duas palavras simples?
Nem conjugar um verbo que aprendi na primária.

Como hei-de escrever peças se nem consigo formular um discurso, um monólogo, para te explicar como me sinto e te fazer perceber o que me provocas sem saberes, ou sem quereres saber?

Como hei-de escrever contos se nem consigo desvendar se realmente não te interessas minimamente ou por qualquer razão te finges desinteressado?

Para quê escrever poesia se o destinatário não a vai receber?
Para quê escrever peças se não sei organizar tudo o que te quero dizer?
Para quê escrever contos se nunca vou encantar ninguém?

Estou farto de ti, farto de não te perceber e que não me expliques. Farto de querer desistir de ti, farto de não conseguir... farto de nunca ter lutado a sério por ti... por isso, como posso desistir de algo pelo qual nunca lutei verdadeiramente?


Assim um nobre coração hoje se quebra.
Boa noite, doce príncipe. Que o cântico
De revoadas de anjos te guie a teu repouso!

05 maio 2010

Stand By Me

Fica.
Aqui, no meu cantinho escondido do mundo, onde um dia a tua voz já entrou.
Fica.
Da minha maneira e da tua, mistura-nos, usa-nos em prol da nossa própria perfeição.
Fica.
Comigo. Aqui. Onde quer que seja.
Respira comigo. Sorri para mim.
Cansei-me da tua apatia. Da tua necessidade de mostrar ao exterior que não precisas de mim, mesmo que o teu interior esteja destruído com saudades minhas.
Cansei-me do teu espírito fraco, da forma como pensas que estou na tua mão e que me manejas como queres.
Mas fica sempre algo cá dentro... uma curiosidade, uma vontade dificilmente controlável de perceber o que acontece nas tuas entranhas. No porquê da tua bipolaridade, e da calendarização do nosso contacto. És o mistério que eu quero desvendar.
Já quis matar-te por dentro, pra ver se o teu exterior se aguentava muito mais. Deixar a tua essência em cinzas para ver arder o teu corpo sujo de medo e falsidade. Tinha a arma do crime, tinha a oportunidade, tinha tudo. Tudo para atear o fogo nas tuas veias e o ver percorrer todos os teus pedaços vividos e por viver. Vê-lo explorar coisas que tu não conhecias de ti, vê-lo ir tão longe, e provocar-te uma dor tão profunda que não conseguirias levantar-te. Ver os dentes brancos do teu sorriso a desaparecer... Mas desisti. Não te quero fazer sofrer. Não tens culpa de quem és, nem do que fazes sem te aperceberes.
Vou ficar na minha, aproveitar os últimos tempos que nos podem ainda restar, os últimos risos que ainda temos para partilhar, para depois deixar ir a nossa recordação, rumo a não-sei-onde, levando a peito as memórias das semanas para não mais lembrar. Os (teus) medos.
Hoje não expulsei o Bom Dia. Deixei-o acontecer em mim para ti. Deixei-o ecoar no meu peito. Ninguém, além de mim, o ouviu. E por isso tu não sorriste. Por isso duvidaste se me tens na mão. Por isso tiveste medo de me estar a perder. Por isso não expulsaste o teu Olá. Nem qualquer emoção minha em ti presente. Nada.
Arrependi-me no momento a seguir. Mas não tinha a certeza se o dia de hoje estava calendarizado como um dia em que nos falamos ou não, e não queria atrapalhar o que já está organizado, por isso não me redimi. Também me fazes o mesmo tantas vezes repetidas.
Mas ainda me culpo e me arrependo. Os nossos dias estão perto do final... vamos fazer acontecer antes que tudo desapareça.

Fica.
Fica.
Não preciso de nomear uma só razão em nós. Fica.

Fica aqui aquilo que te devo: Bom Dia.
Fica aqui o medo de ter que te dizer: Adeus.

04 maio 2010

Bulletproof

Não sou à prova de bala.
Cada tiro que me deste continua cravado na minha pele e no meu peito.
O meu sangue escorre-me pelo corpo ao teu ritmo, através de cada ferida tua em mim.
Tenho o peito destruído em oríficios perfeitos de pequenas palavras afiadas pelo teu gatilho. Palavras falsas de vida. Míseras seguidoras da morte encoberta.
Tu és a causa. És a causa do meu corpo coberto de sangue, a causa das minhas lágrimas sujas, do meu cabelo. És a minha causa. A causa da minha existência mastigada e vulgar, a causa do meu corpo molestado e negro. És a causa de tudo o que eu quiser que sejas, porque sou fraco de mais para admitir que a causa da minha vida sou eu. És o culpado também de eu ser cobarde.

Cada sonho, cada morte, cada espaço... Tu.

És o meu sorriso e o culpado de já não conseguir sorrir.
Não quero que existas em mim.

Mas como posso eu existir sem mim?


[Quando vou eu voltar a ver-te? Tenho saudades de te poder esperar.]

30 abril 2010

A Lack of Colour

And when i see you, i really see you upside down...

Todos os dias são dias, mas apenas alguns são nossos.

Eu sei o que quero mas falta-me a coragem para o fazer, escondo-me atrás de máscaras, vou passando os raros dias que partilhamos em fingimentos, cada vez percebendo menos do que se passa... cada vez sentindo mais falta de nós nos meus solitários dias. Apareces e desapareces quando queres, dás notícias que em nada aquiescem ao que mostras. De certo modo, é isso que me desafia... Nunca tive muita dificuldade em perceber e saber os desejos mais íntimos das pessoas, elas eram sempre como reticências, e tu és o meu ponto de interrogação. És a minha fase de perguntas. És a coisa mais insegura na minha vida, se é que fazes parte dela.
Não sou estável, nem seguro, preciso de apoio... muito apoio, e não de mais alguma coisa para me fazer cair.

Já tive tantas cores, e já desejei inúmeras vezes ser incolor... Mas as cores acabam sempre por aparecer, mesmo que apenas queiram sujar para depois ser apagadas. A cor, todas as cores, se baseiam no negro. Todos temos um lado preto, sujo, perverso. Criminoso.
Pensas que sou um mísero passageiro da tua viagem, que não tenho direito a conduzir também... Que podes acelerar e travar em qualquer altura. Não é assim. Eu também mando. Eu também tenho controle. E se é para ir de boleia sem poder discordar e conversar sobre as decisões... prefiro ir de autocarro.

Não quero lembrar-me de ti, pois isso seria sinal que algum dia tive de esquecer-te.



Até Logo.

...


[Now i know it's too late, i should've given you a reason to stay]

24 abril 2010

Deixa Morrer

Tenho medo de viver.
Acabei de perceber que estou há duas horas a imaginar que era 2012...
Tenho medo do que possa acontecer até lá, e depois também.
Tenho medo do que sou e do que me possa tornar.
Tenho medo de viver.

Black Roses

Há qualquer coisa que me chama, enquanto te chama a ti também. Qualquer coisa, simples, que me puxa, me confunde, mas me deixa forte e a sentir que suporto o peso do mundo com o meu sorriso. Um toque, um olhar, uma palavra. Mais nada. É a simplicidade no momento certo, a aterrorizante certeza de perder o controlo sobre mim. É o teu jeito simples de me entrar na mente, de me fazer sorrir e me deixar à deriva, a flutuar, entre a realidade e o sonho, à procura de algo que acaba sempre por me encontrar.
São tantos medos e tantas vontades, tantos impulsos descontroladamente controlados, tantas vozes sem ouvir voz nenhuma. Tantos sim escondidos por detrás de tantos não. Tantos inseguros não sei disfarçados por milhentas provocações. Tantas trocas e brincadeiras, tanto em tão pouco. Tão nosso. tão meu...
Há qualquer coisa que me pede, se ajoelha à minha frente e me implora para não fugir e para não te deixar fugir. Há qualquer coisa, certa, errada..sonhada, que me diz que existes e que vamos ser um. Um de muitos. Um dos muitos uns formados por duas pessoas, mas a única colectividade realmente individual, sem partilhas, mas posses, porque não se partilha quando só existe um ser. Somos um. Única unidade. Único. Sempre. Nunca.
Sou fome, sou sede, sou tanta coisa. Sou o não saber e o não querer saber, sou a quantidade e regularidade com que me regas no teu jardim, a tua flor a quem dedicas muito ou pouco tempo. Sou o teu sonho que tens medo que te domine. Sou o medo com que sonhaste a vida inteira. Sou as tuas sensações e as minhas. As nossas verdades sonhadas um dia. As realidades perdidas no nada. Um nada que preenche tudo, que me enche o jardim de uma cor diferente de verde. És a novidade carregada de expectativas que me mudou a cor há esperança. És o futuro que apareceu no meu presente e sem esforço eliminou o passado. És o conjunto de todos os tempos, de todos os verbos e substantivos. És a língua portuguesa com que te vou presentear e a língua universal com que te vou amar. És tanto e tão pouco, és o sonho de voltar a ter jardim, és o meu sonho florido e eu sou a tua flor perdida.
És todas as letras com que escrevi este texto para ti. És eu. És o fruto do meu amor e da minha imaginação, dos meus sonhos. És o meu transe e o meu desejo de nunca mais viajar. És a minha contradição, és as minhas indecisões. És o não sei da minha vida, e a verdade, é que nunca sei nada.
Peço-te que me regues todas as noites nos meus sonhos. Agora que arrancaste as ervas daninhas dá uma nova vida a este usado jardim, a este estrume, a este nada escondido. Planta o que sempre sonhaste que iríamos sonhar e colhe o que eu um dia desejei vir a colher contigo. Faz.

Sou a rosa vermelha que um dia sonhaste colher e as pétalas negras que repousam, esmagadas, nas tuas mãos.

[tenho as mãos marcadas pela rosa negra que há pouco segurei. Perdi-me na nossa unidade e não sei qual de nós sou.. Já não estou certo que existas. Não estou certo que estejas comigo sem ser em mim. Onde estás?]

19 abril 2010

Summer Nights

Fins de semana de verão,
semanas de inverno.
Neve quente em sol gelado.
E assim eu ando desencontrado.

Caímos nos mesmos erros inúmeras vezes seguidas, mesmo que nunca o admitamos. Voltamos sempre a cair no buraco depois de dizermos que nunca mais o iríamos fazer... E o pior, o pior de tudo, é que quando damos conta disso ainda vamos a tempo de voltar a solo seguro. Mas eu, nunca escolhi a segurança.
Não és seguro, não és refúgio. Consegues ser tudo sem ainda ser realmente nada. Consegues controlar as estações e usar o Sol a tua bel-prazer. Consegues fazer-me querer usar casaco ou calções. Consegues tudo. Sol e chuva ao mesmo tempo. Com um sorriso, um olhar, uma canção...
Até quando?

Tenho todas as letras para te escrever e infinitos números para contar a tua ausência.

14 abril 2010

I am...

Sou um fardo, sou o jugo que eu próprio tenho de carregar. Sou o chicote que me feriu as costas e o punho que me pintou negro no olho.
Sou aquele que tem dois buracos negros no lugar dos olhos, sou aquele que domina o abismo. Aquele que acena para ninguém ver. Aquele que cumprimenta para não receber resposta. Aquele que não se enquadra, que não se mistura, que não encontra um sítio por mais que o procure. O que tem toda a sorte do seu lado e não consegue sorrir.
O que jogou tudo e ficou sem nada, o que construiu e destruiu. Aquele que se vende sem vergonha em frente de todos. O que finge, que se expõe em troca de nada. Sou eu. É a amostra nojenta do que fui e sou, sou a ignobilidade, o medo, o terror.
Sou aquele que todos desprezam por auto-protecção, aquele que desilude, e que se desilude. Aquele que embora já esteja no fundo, todos os dias cava um pouco mais o buraco.
Aquele que fala com as pedras da calçada, que se confessa às paredes. Que grava a sua voz para sentir que alguém fala consigo. Que ouve o seu eco para sentir que não está sozinho.
Sou o que engana, que mente, que traí e que joga. Sou tudo e sou nada. Sou o negativo do termómetro.
Sou aquele que odeia o maior defeito que possuí: vitimizar-se.

Estou farto de ser quem sou.
Estou farto de todos.
Estou farto de mim.
Estou farto de tudo.
Fartei-me...

Este mundo não é o meu.

08 abril 2010

Happy Ending


Um dia tudo foi verdade.
Existíamos os dois na nossa imperfeição.
Tínhamos uma lágrima no canto do olho,
um sorriso nos lábios
e um refúgio para onde voltar ao fim do dia.
Mesmo que o resto do mundo estivesse contra nós,
tínhamo-nos um ao outro.
Isso era mais do que o bastante para mim.
Era tudo o que eu tinha.
Eras tudo o que eu tinha.
Mesmo que tudo caísse em cima de mim,
mesmo que nada mais valesse a pena...
tu estavas lá. Tu valias a pena.
Amei o teu riso torto
Amei a tua face e a tua pele
as tuas tentativas frustradas
os nossos dias.
Amei-te.
Eu amei-te.
e tu jogaste-me.
Compulsivamente.
O teu verde desapareceu.
De ti, em mim, só ficou uma mancha negra.
Pensei que teríamos um final feliz.
Acreditei em finais felizes
todos temos o direito de ser ingénuos.

Pensei que o nosso final já tinha acontecido à muito tempo.
O meu pode ser amanhã...
Porque é que tens sempre que virar o meu mundo ao contrário?
Tenho saudades tuas

Mas não. Agora não. Já não acredito em finais felizes.
Já não acredito em ti.

Os finais felizes não passam de histórias inacabadas.

06 abril 2010

Start of Something Beautiful

Tudo... e nada.
não sei.
muito sinceramente, continuo sem perceber nada.
Devia estar apavorado mas não estou. O pânico foge-me por entre os dedos, enquanto tento agarrar a vida.
Gostava de estar a sorrir, gostava de estar a chorar, a tremer... Gostava de ter alguma reacção.
Tudo menos o estado apático em que me encontro.
À minha frente... um beco sem saída. Não vejo cruzamentos, não vejo uma auto-estrada. Só um beco que termina numa grossa parede de tijolo. Sem saída. O fim. De tudo... ou de nada.
Tenho olhos mas parece que já não vejo. E por outras vezes, parece que vejo de mais, com todos os sentidos que me pertencem.
Talvez todo este estado sem sal nem açúcar, todo este meio termo seco, todo este irritante mastigar de sentimentos acabe assim que puder engolir os resultados. mas e se eles forem arsénico?
Tudo está a mudar... Sinto que vem aí uma vida nova. Resta saber se é neste mundo.
Os ventos sopram-me na cara e contam-me segredos ao ouvido, dizem-me que está tudo bem, e por isso não me tenho preocupado. Também os ouço aos risinhos sobre o amor, mas nada me parece florir desse campo de risos.
Pessoas vão entrando, outras saindo. A vida é tão instável que o que agora no começo não parece nada, se pode transformar em algo que nunca imaginámos.
E com vãs esperanças de um futuro vou continuando, sorrindo e chorando na minha inexpressão... Desejando que isto seja O Começo de Algo Belíssimo.

20 março 2010

God Particle

Bolhas. Elas sobem, sobem, sobem... e depois... desaparecem. Poof.
Julgamos-nos tão fortes, tão importantes, tão inquebráveis... mas e se não passarmos de pequenas esperanças de ar? Se vivermos presos por paredes de vidro e não passarmos de pequenas bolhas de gás que ao encontrarem o único caminho para a liberdade e para a felicidade, desaparecem? Quem é que alguma vez nos disse que nós fazíamos a diferença? Que importavamos para o fado do mundo? Ninguém. Apenas acreditamos nisso, porque temos um medo de morte da indiferença. Precisamos que nos olhem, que tenham razões para nos olhar. Precisamos do nosso sujo pedestal de ser-humano, de constructor de mundos de consumismo - onde com uma passagem de um simples cartão conseguimos que nos olhem e que nos invejem. Vivemos disso. Da impressão que causamos, alimentamo-nos da inveja que os outros nutrem por nós. Uns mais assumidamente que outros, mas todos da mesma forma obscena.
Somos pequenos e verdes germes cobertos de muco, com a ganância na boca e o topo na mente. Pestilentos. Odiáveis. Nojentos. Pessoas. Arrastamo-nos pesarosamente entre os destroços das guerras psicológicas de cada um, e oferecemos as armas para que se extingam, desde que o seu cadáver nos sirva de degrau para subir. A nossa vida é uma escalada sem regras, onde quem não empurra é empurrado e quem não joga duro morre na rocha. Um banquete onde quem não come é comido. A preocupação é um mito. A amizade é um filme. A confiança é ficção. O amor são bolhas que nos vão matando, matando, matando e no fim, desaparecem e deixam-nos a flutuar na morte, deitados sob a fresca relva da vida, com metade do coração nas mãos e outra no peito e o sangue amoroso a escorrer pelo nosso corpo - continuando a bater por mais um pouco daquele amor sangrento.
Sentimo-nos tão importantes e tão gigantescos, capazes de governar a grandeza do mundo... mas não nos apercebemos que somos apenas partículas vulgares num louco frenesím para governar a palma da nossa própria mão. O nosso mundo. Que estamos sempre ansiosos por partilhar.

Gostava de dar o meu mundo ao teu, de o entrelaçar no teu. Gostava que fôssemos o melhor dos dois. Gostava que o meu mundo segurasse o teu. E gostava de estar sempre presente na tua palma para que me beijes perto estando longe... para acalentar a saudade e o alvoroço da paixão. A dor da distância. O sofrimento... que nos apaga todas as memórias boas e nos deixa a nadar num mar de nada, abertos a todo o controlo do Homem, aberto a tudo o que digam que precisamos. Sensíveis. Nesse ponto tornamo-nos monstros. Cegos por não ser invisiveis, e os outros que não se deixam levar pela humanidade, são loucos por não serem iguais. Só quem ama pode terminar assim, com um riso louco.
Nenhum de nós quer a vida destruída apenas por amar, mas será que isso é possível? O amor são bolhas, mas bolhas num turbilhão de furacões que nos deixam de cabeça ao contrário, que nos elevam a vida aos ceus e brutalmente as deixam cair no fim, destruíndo tudo, e quebrando os corações impossíveis de re-arranjar.
E o que é mais difícil, o que dói mais nos corações partidos? É a incapacidade de recordar como nos sentíamos antes.

19 março 2010

Creep

O mundo podia parar que eu não notaria a diferença.



Podia acontecer tudo à minha volta que para mim estaria tudo igual.

Podias ser o meu sonho à noite e a minha realidade durante o dia, que para mim, serias sempre real, porque existes em mim com a mesma intensidade com que te sonho.

Podias só ser o nada que me esconde no vazio, que o oco da minha consciência continuaria sem entender-te(nos).


Podias ser tanta coisa...

bastava existires.
comigo ou ao invés de mim.

15 março 2010

L.O.V.E

Recordas-te dos beijos que
deixei em cima da tua cama?
Guarda-os.
Usa-os hoje.
Hoje e sempre que quiseres.

Aproveita o seu derradeiro sabor
de último adeus, porque eu ficarei contigo
mas em caminho. E contigo
espero encontrar-me sozinho.

Numa pequena caixa
de madeira beijada,
e como beijo que escapa
agarra-os bem. Ternura
de mãe, e força de quem mata.
A persistência de quem nega
a desgraça.

Recordas-te dos beijos que
deixei em cima da tua cama?
Guarda-os para sempre,
porque na ânsia de te encontrar
perdi os meus lábios, que loucos
andam - doidos - para de novo
te beijar.

(constata-se estúpidamente que não sou poeta nem escritor, está aí a pequena mancha gráfia que o comprova. horrível. Mas para mim tudo faz sentido, e senti que tinha que publicar isto aqui. No pequenino espaço do lado esquerdo do meu peito, há um sorriso esboçado, porque na minha língua que só eu entendo, disse ao mundo tudo o que tenho a dizer)

07 março 2010

Prostitution Song

Ando desencontrado de mim desde que nasci. Ando à procura de alguns pedaços reais do que sou, alguma pista da minha essência para conseguir construir - com o tempo - o meu todo.
Não passo de um prostituto, um vendido de uma qualquer esquina, com uma vida recheada de prazeres incestuosos, orgasmos descabidos de sentido... Uma vida preenchida de sexo sem sentido e orgias centenárias... quando no fundo... a realidade é apenas uma vulgar masturbação.
Não consigo dizer EU ESTOU AQUI porque não sei ao certo o que sou EU.
Utilizo casos sem qualquer significado para tapar as minhas lacunas, preencho os meus vazios com pequenos nadas que os deixam ainda mais ocos.
Posso dizer que sou de mil e uma maneiras, posso dizer que quero com um olhar decidido, mas nunca sei ao certo se sou e se quero assim tanto.
VENDO-ME. Uso e abuso do sonho de ser actor, para criar personagens com cada pessoa que falo. Já fui tantas coisas, continuo a sê-las cá dentro. Talvez de tanto tirar e por máscaras, perdi a minha face. Não sou igual para todos. Não sou eu para ninguém, porque não sei quem sou. Sou a máscara do que me convém, um reflexo do meu desejo momentâneo. Uma rápida e constante muda de ser em busca do prazer fácil e rápido. SEXO. sem qualquer significado, desprovido de sentimento... só para sentir que ainda mando no meu corpo, mesmo que tenha perdido a minha alma.

Onde estás tu agora, desejada alma?
Só contigo posso ter amor. Preciso de ti.

...Ouvi dizer que o amor era melhor que um orgasmo

05 março 2010

I wish you were here

Parece que já nada faz sentido.
Já nada é como antes.
Já não há nada para ser...
Resta a dor de permanecer aqui
perdido.




E se nada disto valer a pena?
E se o sonho já está só por si quebrado?
Vale a pena quebrar toda a uma vida por algo quebrado à nascença?






Está tudo quebrado, já não há nada mais para quebrar.




É tarde demais. Agora tudo faz sentido...
um sentido deturpado, perdido no meio dos destroços das recordações
quebradas.

02 março 2010

A Promise

Todas as épocas são épocas de transição. Todos os dias são a transição entre o ontem e o amanhã.

Palestra sobre Tragédia Grega no Teatro Nacional D.Maria II , Jorge de Silva Melo

28 fevereiro 2010

I Dreamed a Dream

Continuo a sonhar com uma noite de chuva melodiosa, de romântica tempestade, numa pequena casa emocionalmente isolada do mundo, onde existe um cobertor a cobrir-nos enquanto nos enroscamos no sofá. Existe chocolate quente, uma lareira em frente a nós a espalhar o calor e a levar os nossos corpos à mesma temperatura que o nosso coração. Sonho com a pessoa perfeita, no sítio perfeito... no meu lado mais meloso, nas raras vezes que me permito iludir com sonhos inconcretizáveis, é com isto que sonho... Com o lugar perfeito, na cena mais típica de filme de amor perfeito, e uma conversa também perfeita sobre os quês e porquês da eternidade. No meu interior mais recalcado, é a frase "a única certeza que tenho para a eternidade é que te amo.", que mais quero ouvir sussurada no ouvido. como um beijo...
Continuo a sonhar com o amor e a sentir o seu vazio. E todos os dias, continuo a colocar uma máscara dizendo a todos - e, principalmente, a mim - que não o sinto.
Tenho os meus amigos, tenho os meus momentos de puro ócio e diversão, tenho os momentos de um trabalho que amo, tenho uma casa, tenho mais que um sorriso por dia e em dias excepcionais tenho até vários risos... Tenho tudo... só me falta aquele friozinho na barriga na antecipação de ver a pessoa amada, o natural fulgor do beijo de reencontro e o calor ardente no peito dele proveniente. Falta-me a luz para me iluminar nos momentos de escuridão, a corda para me puxar nos momentos de queda...
É angustiante esperar por algo que sabemos que nunca vamos ter. Mas mesmo assim continuamos à espera, dia após dia, sonho atrás de sonho, na esperança que os planetas mudem a sua rota, que o mundo passe a girar ao contrário e que o céu se torne vermelho. E porque não?
Ainda não tenho bem definido para mim se acredito em destino, mas indubitalvelmente que acredito em momentos. Acredito em momentos-chave para alguma coisa acontecer. Nada acontece por acaso e por acaso tudo acontece. Nunca tive um momento chave ligado à parte amorosa da minha vida, deve estar encerrada para obras - e tal como a típica obra portuguesa, demora anos a voltar a terminar. Muitas vezes, só temos um momento-chave na nossa vida amorosa, a chamada alma-gémea. E por vezes vem tardiamente... pode ser esse o meu caso.
No entanto, tenho uma pequena dor pressentida, uma pequena inconformada habituação a este vazio, a este buraco negro no meu peito, que pouco a pouco vai sugando toda a minha vida e os meus sonhos, e a pouca luz que os amigos me vão dando como substituição a esse bem tão essencial sem o qual vivo. Há algo que me diz que não sou como os outros.
Que pertenço a mim, e à solidão... é justo... quem lhe faria companhia?

A cada passo inspiro segurança e força, absorvo do ar todas as moléculas de estabilidade e sorriso, para passar pelos desafios que a vida me vai colocando à frente. Vendo todos os dias um novo casal feliz, e todos os dias lidar com sonhos irreais aos quais não me posso pegar. Vendo o meu corpo vencer a máscara tantas vezes nos últimos tempos que começa a ser difícil voltar a colocá-la. O desejo de caminhar orgulhoso sem máscara é tanto... mas o medo de sair com a cara deformada bloqueia esse desejo.


Estou farto de ser o que se atira de um penhasco por alguém que se cobriu de amor falso, farto de ser a toalha que depois usam para limpar os vestígios, e de ser deixado junto com o lixo indiferenciado para nunca mais ser re-utilizado.

Tenho o amor de anos, mas ao fim de semanas toda a gente foge de mim, sendo que o resto do tempo é ocupado com desilusão. Ninguém quer estar eternamente com uma bomba relógio pronta a explodir.

Tenho em mim os segredos do mundo, tenho em mim a chave, tenho em mim todo o amor do mundo para ser enterrado comigo.

"Tenho em mim todos os sonhos do mundo". e há uma categoria onde nenhum é concretizado.

21 fevereiro 2010

Wild World

Não importa o quanto nos esforçamos. O quanto tentamos ao máximo estar atentos e controlar todos os nossos actos... às vezes, agimos por impulso. É natural. Somos seres humanos - por mais que odiemos isso - somos uma bifurcação com impulso e racionalidade. Selvagens.
Não importa o que queremos, o que no nosso interior parece certo ou errado. As nossas noções de moral estão na maioria dos casos deslocadas de contexto. Não podemos andar num ritmo separado do mundo como se ele fosse nosso, não podemos ter tudo aquilo que queremos, porque nada gira à nossa volta, a não ser o nosso pensamento egoísta. Somos egocêntricos por natureza, somos iguais a toda a raça humana, mas insistimos em dizer a nós mesmos que somos únicos, especiais...
O mundo tem a sua dinâmica, o seu ritmo e velocidade... quem somos nós para a alterar? Julgamos-nos donos e senhores do destino, capazes de decidir a nossa vida por nós, de amar quem queremos, de fazer o que nos apetece e de ser e existir da forma mais estúpida que nos surgir na mente. Mas e se é tudo uma ilusão?
Queremos tirar o máximo partido da vida, queremos ver o mundo no seu auge, vê-lo completa e verdadeiramente, a cem por cento... mas já nos esquecemos de Platão? e da sua alegoria? E se o mundo em que vivemos não passar apenas de uma sombra do mundo real?
Hoje em dia prestamos culto a um só Deus: o corpo. Queremos explorar o mundo com o nosso corpo, correndo planícies e escalando montanhas. Alcançar o mais alto dos cumes e nadar até ao mais profundo dos mares... sem nos apercebermos que na maioria das vezes, voltamos para casa com o mesmo conhecimento do que nos rodeia que tínhamos antes da "viagem".
Por isso... de que vale apanhar aviões, ir aos quatro cantos do mundo, rastejar por grutas e voar até à lua... de que vale isso tudo? De que vale ver a lua por uma minúscula janela? Eu já a tive nas mãos sem sair da minha cama. O meu Deus é o espírito.
Não sei se somos nós que estamos errados, se é o mundo que anda errado, ou se sou eu que tenho um defeito de fabrico. Seria mais feliz se soubesse? Não.
Eu tenho a minha atitude, a minha voz, o meu corpo, o meu espectro e a essência do meu ser, e vou dançando - à minha maneira - dentro do ritmo do mundo. Por vezes desafio-o, e passo todos os dias a experimentar movimentos novos. Alguns resultam, e ao fim do dia, ao deitar, sorrio ao recorda-los e penso sempre em repetir. Outros dão completamente errado, e recordo-os com uma lágrima no canto do olho ao deitar. Mas todos fazem parte do meu processo de experimentação, dos meus ensaios para a coreografia final.
É demasiado fácil ceder a tentações. É demasiado fácil dizer que nunca iríamos ceder, até sermos tentados... É demasiado fácil dizer que somos fiéis e honrados.
Habitamos um mundo civilizado. Vivemos numa civilização selvagem. Somos fruto do que nos criou e por mais personalidade que tenhamos, somos selvagens desde nascença. Não podemos negar quem somos. Resta-nos aproveitar as nossas características e juntar o selvagem à coreografia, inventar uns passos selvagens, combinar os nossos interesses e as pequenas coisas que nos diferenciam dos outros humanos para criar uma dança única e memorável. Juntar o mau e o bom. Juntar as alegrias e as tristezas para formar uma vida.
Ensaiar, todas as horas do dia, trabalhar até ao mais pequeno pormenor, cada movimento, cada músculo de cada dedo, para que nada dê errado na apresentação final... Para que o espectáculo corra da melhor maneira. Não para ouvirmos aplausos porque isso não é o cerne da questão, mas para o nosso corpo brilhar dentro do pequeno estúdio coberto de terra onde tudo termina.
Porque se não experimentar-mos sem medo, e nos limitarmos a viver a mesma vida que todos os outros... o nosso corpo não vai brilhar, e as cortinas nunca vão fechar...

E o público vai ficar, para sempre, à espera do momento certo para aplaudir.

15 fevereiro 2010

Jigsaw Falling Into Place

Hoje queria escrever algo composto, organizado, recheado de figuras de estilo bonitas e floreados que todo o mundo gostasse. Mas depois pensei qual é o sentido disso?

A minha vida não tem flores, não tem o agradável cheiro de uma tarde de verão, não tem o cheiro do mar à noite, nem a vida dos raios de sol pela manhã. Não tem o som de rouxinóis, nem o zumbido das abelhas no mel. Nem a minha, nem a de ninguém.
O mundo, a vida... tem o som de serra eléctrica, tem o cheiro de Bairro Alto às quatro da manhã. Tem o aspecto de algo que não queremos ter, mas que também não queremos perder. Afinal, o Bairro Alto às quatro também está recheado de risos...

Hoje quero uma noite bem passada, um copo de absinto cheio de gelo até ao cimo, uma conversa interessante com alguma pessoa interessante. Quero rasgar os meus lábios num sorriso, quero dar-me a conhecer.
Hoje faz um ano. Hoje faz um ano que me dei a conhecer, hoje faz um ano que tive uma noite bem passada, com um copo de absinto cheio de gelo até ao cimo, hoje faz um ano que falei com alguém interessante, e que conheci alguém interessante. Hoje...
Hoje faz um ano que entraste em mim com o teu ritmo meio cheio, meio vazio. Já aconteceu tanta coisa depois disso...

Hoje faz um ano que te conheci... há um ano não sabia que o vestido branco me poderia causar tanto pânico.

Há um ano foi o primeiro dia do resto da minha vida.
Estou tão feliz por seres passado.

[hoje o puzzle que montei foi diferente do que montei nos outros dias, e foi sem dúvida, bem melhor que aquele que desmontei há uns meses]

Já não quero absinto, agora prefiro uma corridinha.

13 fevereiro 2010

Hot N'Cold

HOT, muitoo hot. sem dúvida....

10 fevereiro 2010

Bad Romance

Hoje tive frio e não queria casaco.

Eu sei que no futuro vou ter calor e chorar por uma brisa fresca.
ou desejar que um cubo de gelo me envolva,
mas isso...
não vai acontecer.

Hoje tive frio e não queria casaco.
porque é que o tempo tem sempre que ser tão instável?



o verão está a chegar...
com ele vem o sol, o calor, as lágrimas...
...vem tudo...

Excepto a minha vida
excepto a minha vida
excepto a minha vida.

Knock Em Out

Acabei de matar um mosquito - sem querer - ao fechar o livro de história.
Talvez devesse ter ficado a estudar mais tempo...

07 fevereiro 2010

New Born

Era preciso uma mudança, o mundo gritou-me por uma mudança.
Há coisas que deixam de fazer sentido passado uns tempos, e a verdade, é que o nome deste espaço já não fazia o mínimo sentido.
A incompreensão já não me assusta, neste mundo de pessoas vazias e fúteis em que vivemos, ser incompreendido é até uma coisa boa. E depois que mal tem ninguém nos perceber totalmente e ninguém ser capaz de entender e compreender tudo o que fazemos? é sinal que somos nós, um ser único e sem igual. Há quem goste de nós, sem nos perceber totalmente.
Eu prefiro ser o estranho, o esquisito, o apelidado de louco por todos - neste mundo - em que as pessoas caminham para a destruição vivendo, felizes, as suas mentiras. Prefiro ser EU. Escolho ser EU. E não um soldadinho da sociedade.

Este espaço nasceu de novo, com um novo nome, uma nova força, e eu renasci com ele - com um sorriso nos lábios e nos olhos o rasto invisível das lágrimas que outrora pelo meu rosto escorreram.

04 fevereiro 2010

Quarto 210

hoje preciso de um pois, preciso de um se...

Quartos. Varandas. Paredes e medos. Pintados, tapados. Defeitos escondidos por inúmeros divagares conscientes da mente, que vai viajando através do impossível da nossa alma, que vai sugando os restos de corpo do nosso espectro e nos vai purificando até que consigamos atingir o nível acima. O nível superior. O nós.
Nós. Tão vulgar. O que faz do "nós" algo superior? Porque é que não podemos ser felizes sozinhos? Porque é que todos fazemos questão de sobrevalorizar o amor, de o elevar a tão alto escalão, que ele nunca chega a ser um quarto daquilo que dizem que é... A maior parte do encanto e da força no amor está na tradição oral. Da maneira como passamos, uns aos outros, a força arrebatadora (exagero inconsciente da verdade) com que o amor nos assolapou o coração. De como tomou conta de nós como se fôssemos marionetas.
O amor não nos deixa sem fôlego, o amor não nos deixa doentes, o amor não mata, o amor não reanima para a vida. Queremos com tanta força acreditar que o mundo é um conto da fadas que perdemos o nosso juízo racional, o amor é a nossa irracionalidade. O nosso apetite, a nossa atracção louca e incontrolável. O amor não passa de um desejo camuflado.
Um desejo sexual em fuga, que deixa o seu espaço para percorrer todo o nosso corpo e alma. O amor.

O que é que queres de mim? hoje sinto-me assim...

Toda a transpiração e a sede juntas num quarto. O desejo e a fome, saciados. Um instante, uma respiração, um olhar superficial com a maior profundidade alguma vez vista. Sexo.
O amor... A junção de dois corpos com duas almas entrelaçados no momento da Eternidade. Uma junção perfeita, depois de todas as coisas que se contam e se dizem. O que é o amor?... O único puzzle perfeito, com encaixe perfeito, sem número de peças definido.

Mostra o teu jogo que eu pago para ver.