28 fevereiro 2010

I Dreamed a Dream

Continuo a sonhar com uma noite de chuva melodiosa, de romântica tempestade, numa pequena casa emocionalmente isolada do mundo, onde existe um cobertor a cobrir-nos enquanto nos enroscamos no sofá. Existe chocolate quente, uma lareira em frente a nós a espalhar o calor e a levar os nossos corpos à mesma temperatura que o nosso coração. Sonho com a pessoa perfeita, no sítio perfeito... no meu lado mais meloso, nas raras vezes que me permito iludir com sonhos inconcretizáveis, é com isto que sonho... Com o lugar perfeito, na cena mais típica de filme de amor perfeito, e uma conversa também perfeita sobre os quês e porquês da eternidade. No meu interior mais recalcado, é a frase "a única certeza que tenho para a eternidade é que te amo.", que mais quero ouvir sussurada no ouvido. como um beijo...
Continuo a sonhar com o amor e a sentir o seu vazio. E todos os dias, continuo a colocar uma máscara dizendo a todos - e, principalmente, a mim - que não o sinto.
Tenho os meus amigos, tenho os meus momentos de puro ócio e diversão, tenho os momentos de um trabalho que amo, tenho uma casa, tenho mais que um sorriso por dia e em dias excepcionais tenho até vários risos... Tenho tudo... só me falta aquele friozinho na barriga na antecipação de ver a pessoa amada, o natural fulgor do beijo de reencontro e o calor ardente no peito dele proveniente. Falta-me a luz para me iluminar nos momentos de escuridão, a corda para me puxar nos momentos de queda...
É angustiante esperar por algo que sabemos que nunca vamos ter. Mas mesmo assim continuamos à espera, dia após dia, sonho atrás de sonho, na esperança que os planetas mudem a sua rota, que o mundo passe a girar ao contrário e que o céu se torne vermelho. E porque não?
Ainda não tenho bem definido para mim se acredito em destino, mas indubitalvelmente que acredito em momentos. Acredito em momentos-chave para alguma coisa acontecer. Nada acontece por acaso e por acaso tudo acontece. Nunca tive um momento chave ligado à parte amorosa da minha vida, deve estar encerrada para obras - e tal como a típica obra portuguesa, demora anos a voltar a terminar. Muitas vezes, só temos um momento-chave na nossa vida amorosa, a chamada alma-gémea. E por vezes vem tardiamente... pode ser esse o meu caso.
No entanto, tenho uma pequena dor pressentida, uma pequena inconformada habituação a este vazio, a este buraco negro no meu peito, que pouco a pouco vai sugando toda a minha vida e os meus sonhos, e a pouca luz que os amigos me vão dando como substituição a esse bem tão essencial sem o qual vivo. Há algo que me diz que não sou como os outros.
Que pertenço a mim, e à solidão... é justo... quem lhe faria companhia?

A cada passo inspiro segurança e força, absorvo do ar todas as moléculas de estabilidade e sorriso, para passar pelos desafios que a vida me vai colocando à frente. Vendo todos os dias um novo casal feliz, e todos os dias lidar com sonhos irreais aos quais não me posso pegar. Vendo o meu corpo vencer a máscara tantas vezes nos últimos tempos que começa a ser difícil voltar a colocá-la. O desejo de caminhar orgulhoso sem máscara é tanto... mas o medo de sair com a cara deformada bloqueia esse desejo.


Estou farto de ser o que se atira de um penhasco por alguém que se cobriu de amor falso, farto de ser a toalha que depois usam para limpar os vestígios, e de ser deixado junto com o lixo indiferenciado para nunca mais ser re-utilizado.

Tenho o amor de anos, mas ao fim de semanas toda a gente foge de mim, sendo que o resto do tempo é ocupado com desilusão. Ninguém quer estar eternamente com uma bomba relógio pronta a explodir.

Tenho em mim os segredos do mundo, tenho em mim a chave, tenho em mim todo o amor do mundo para ser enterrado comigo.

"Tenho em mim todos os sonhos do mundo". e há uma categoria onde nenhum é concretizado.

21 fevereiro 2010

Wild World

Não importa o quanto nos esforçamos. O quanto tentamos ao máximo estar atentos e controlar todos os nossos actos... às vezes, agimos por impulso. É natural. Somos seres humanos - por mais que odiemos isso - somos uma bifurcação com impulso e racionalidade. Selvagens.
Não importa o que queremos, o que no nosso interior parece certo ou errado. As nossas noções de moral estão na maioria dos casos deslocadas de contexto. Não podemos andar num ritmo separado do mundo como se ele fosse nosso, não podemos ter tudo aquilo que queremos, porque nada gira à nossa volta, a não ser o nosso pensamento egoísta. Somos egocêntricos por natureza, somos iguais a toda a raça humana, mas insistimos em dizer a nós mesmos que somos únicos, especiais...
O mundo tem a sua dinâmica, o seu ritmo e velocidade... quem somos nós para a alterar? Julgamos-nos donos e senhores do destino, capazes de decidir a nossa vida por nós, de amar quem queremos, de fazer o que nos apetece e de ser e existir da forma mais estúpida que nos surgir na mente. Mas e se é tudo uma ilusão?
Queremos tirar o máximo partido da vida, queremos ver o mundo no seu auge, vê-lo completa e verdadeiramente, a cem por cento... mas já nos esquecemos de Platão? e da sua alegoria? E se o mundo em que vivemos não passar apenas de uma sombra do mundo real?
Hoje em dia prestamos culto a um só Deus: o corpo. Queremos explorar o mundo com o nosso corpo, correndo planícies e escalando montanhas. Alcançar o mais alto dos cumes e nadar até ao mais profundo dos mares... sem nos apercebermos que na maioria das vezes, voltamos para casa com o mesmo conhecimento do que nos rodeia que tínhamos antes da "viagem".
Por isso... de que vale apanhar aviões, ir aos quatro cantos do mundo, rastejar por grutas e voar até à lua... de que vale isso tudo? De que vale ver a lua por uma minúscula janela? Eu já a tive nas mãos sem sair da minha cama. O meu Deus é o espírito.
Não sei se somos nós que estamos errados, se é o mundo que anda errado, ou se sou eu que tenho um defeito de fabrico. Seria mais feliz se soubesse? Não.
Eu tenho a minha atitude, a minha voz, o meu corpo, o meu espectro e a essência do meu ser, e vou dançando - à minha maneira - dentro do ritmo do mundo. Por vezes desafio-o, e passo todos os dias a experimentar movimentos novos. Alguns resultam, e ao fim do dia, ao deitar, sorrio ao recorda-los e penso sempre em repetir. Outros dão completamente errado, e recordo-os com uma lágrima no canto do olho ao deitar. Mas todos fazem parte do meu processo de experimentação, dos meus ensaios para a coreografia final.
É demasiado fácil ceder a tentações. É demasiado fácil dizer que nunca iríamos ceder, até sermos tentados... É demasiado fácil dizer que somos fiéis e honrados.
Habitamos um mundo civilizado. Vivemos numa civilização selvagem. Somos fruto do que nos criou e por mais personalidade que tenhamos, somos selvagens desde nascença. Não podemos negar quem somos. Resta-nos aproveitar as nossas características e juntar o selvagem à coreografia, inventar uns passos selvagens, combinar os nossos interesses e as pequenas coisas que nos diferenciam dos outros humanos para criar uma dança única e memorável. Juntar o mau e o bom. Juntar as alegrias e as tristezas para formar uma vida.
Ensaiar, todas as horas do dia, trabalhar até ao mais pequeno pormenor, cada movimento, cada músculo de cada dedo, para que nada dê errado na apresentação final... Para que o espectáculo corra da melhor maneira. Não para ouvirmos aplausos porque isso não é o cerne da questão, mas para o nosso corpo brilhar dentro do pequeno estúdio coberto de terra onde tudo termina.
Porque se não experimentar-mos sem medo, e nos limitarmos a viver a mesma vida que todos os outros... o nosso corpo não vai brilhar, e as cortinas nunca vão fechar...

E o público vai ficar, para sempre, à espera do momento certo para aplaudir.

15 fevereiro 2010

Jigsaw Falling Into Place

Hoje queria escrever algo composto, organizado, recheado de figuras de estilo bonitas e floreados que todo o mundo gostasse. Mas depois pensei qual é o sentido disso?

A minha vida não tem flores, não tem o agradável cheiro de uma tarde de verão, não tem o cheiro do mar à noite, nem a vida dos raios de sol pela manhã. Não tem o som de rouxinóis, nem o zumbido das abelhas no mel. Nem a minha, nem a de ninguém.
O mundo, a vida... tem o som de serra eléctrica, tem o cheiro de Bairro Alto às quatro da manhã. Tem o aspecto de algo que não queremos ter, mas que também não queremos perder. Afinal, o Bairro Alto às quatro também está recheado de risos...

Hoje quero uma noite bem passada, um copo de absinto cheio de gelo até ao cimo, uma conversa interessante com alguma pessoa interessante. Quero rasgar os meus lábios num sorriso, quero dar-me a conhecer.
Hoje faz um ano. Hoje faz um ano que me dei a conhecer, hoje faz um ano que tive uma noite bem passada, com um copo de absinto cheio de gelo até ao cimo, hoje faz um ano que falei com alguém interessante, e que conheci alguém interessante. Hoje...
Hoje faz um ano que entraste em mim com o teu ritmo meio cheio, meio vazio. Já aconteceu tanta coisa depois disso...

Hoje faz um ano que te conheci... há um ano não sabia que o vestido branco me poderia causar tanto pânico.

Há um ano foi o primeiro dia do resto da minha vida.
Estou tão feliz por seres passado.

[hoje o puzzle que montei foi diferente do que montei nos outros dias, e foi sem dúvida, bem melhor que aquele que desmontei há uns meses]

Já não quero absinto, agora prefiro uma corridinha.

13 fevereiro 2010

Hot N'Cold

HOT, muitoo hot. sem dúvida....

10 fevereiro 2010

Bad Romance

Hoje tive frio e não queria casaco.

Eu sei que no futuro vou ter calor e chorar por uma brisa fresca.
ou desejar que um cubo de gelo me envolva,
mas isso...
não vai acontecer.

Hoje tive frio e não queria casaco.
porque é que o tempo tem sempre que ser tão instável?



o verão está a chegar...
com ele vem o sol, o calor, as lágrimas...
...vem tudo...

Excepto a minha vida
excepto a minha vida
excepto a minha vida.

Knock Em Out

Acabei de matar um mosquito - sem querer - ao fechar o livro de história.
Talvez devesse ter ficado a estudar mais tempo...

07 fevereiro 2010

New Born

Era preciso uma mudança, o mundo gritou-me por uma mudança.
Há coisas que deixam de fazer sentido passado uns tempos, e a verdade, é que o nome deste espaço já não fazia o mínimo sentido.
A incompreensão já não me assusta, neste mundo de pessoas vazias e fúteis em que vivemos, ser incompreendido é até uma coisa boa. E depois que mal tem ninguém nos perceber totalmente e ninguém ser capaz de entender e compreender tudo o que fazemos? é sinal que somos nós, um ser único e sem igual. Há quem goste de nós, sem nos perceber totalmente.
Eu prefiro ser o estranho, o esquisito, o apelidado de louco por todos - neste mundo - em que as pessoas caminham para a destruição vivendo, felizes, as suas mentiras. Prefiro ser EU. Escolho ser EU. E não um soldadinho da sociedade.

Este espaço nasceu de novo, com um novo nome, uma nova força, e eu renasci com ele - com um sorriso nos lábios e nos olhos o rasto invisível das lágrimas que outrora pelo meu rosto escorreram.

04 fevereiro 2010

Quarto 210

hoje preciso de um pois, preciso de um se...

Quartos. Varandas. Paredes e medos. Pintados, tapados. Defeitos escondidos por inúmeros divagares conscientes da mente, que vai viajando através do impossível da nossa alma, que vai sugando os restos de corpo do nosso espectro e nos vai purificando até que consigamos atingir o nível acima. O nível superior. O nós.
Nós. Tão vulgar. O que faz do "nós" algo superior? Porque é que não podemos ser felizes sozinhos? Porque é que todos fazemos questão de sobrevalorizar o amor, de o elevar a tão alto escalão, que ele nunca chega a ser um quarto daquilo que dizem que é... A maior parte do encanto e da força no amor está na tradição oral. Da maneira como passamos, uns aos outros, a força arrebatadora (exagero inconsciente da verdade) com que o amor nos assolapou o coração. De como tomou conta de nós como se fôssemos marionetas.
O amor não nos deixa sem fôlego, o amor não nos deixa doentes, o amor não mata, o amor não reanima para a vida. Queremos com tanta força acreditar que o mundo é um conto da fadas que perdemos o nosso juízo racional, o amor é a nossa irracionalidade. O nosso apetite, a nossa atracção louca e incontrolável. O amor não passa de um desejo camuflado.
Um desejo sexual em fuga, que deixa o seu espaço para percorrer todo o nosso corpo e alma. O amor.

O que é que queres de mim? hoje sinto-me assim...

Toda a transpiração e a sede juntas num quarto. O desejo e a fome, saciados. Um instante, uma respiração, um olhar superficial com a maior profundidade alguma vez vista. Sexo.
O amor... A junção de dois corpos com duas almas entrelaçados no momento da Eternidade. Uma junção perfeita, depois de todas as coisas que se contam e se dizem. O que é o amor?... O único puzzle perfeito, com encaixe perfeito, sem número de peças definido.

Mostra o teu jogo que eu pago para ver.

02 fevereiro 2010

Ibiza for Dreams

A felicidade é um verbo que só se conjuga no passado... ou na vã esperança de um futuro.