31 julho 2009

Falling away with you .

hoje lembrei-me de ti...
lembrei-me em como contavas os meses com tanta assiduidade e deserradamente. em como davas toda a atenção do mundo ao mais pequeno pormenor. Tudo te suscitava curiosidade. lembrei-me, também, de como falaste comigo a primeira vez. Como sorriste. como disseste o meu nome. a maneira como me deste uma palmada no ombro e levaste o copo. o copo. cheio até meio, vazio até outro meio, com o líquido verde. meu verdinho ...

hoje... lembrei-me de ti.
lembrei-me de como eras. do cheiro do teu cabelo pela manhã. do pequeno almoço na tua casa. do cheiro das panquecas que deixaste queimar no primeiro dia dos nossos dias verdes. da maneira como me ligaste a meio da aula e disseste 'zimbora lá', e fomos com destino a lado nenhum com 'Leave out all the rest' a dar no rádio. E lembrei-me da maneira como deixei tudo voar pelo tejadilho aberto do Opel Tigra, e deixei pedaços do 'all the rest' da minha vida pelo caminho. Queria que tu fosses o meu 'all the rest' e não te queria 'leave out'. Nunca.

hoje lembrei-me... de ti.
dos beijinhos para me acordar. das tuas mãos quentes por baixo dos cobertores. do hálito fresco a entrar para dentro de mim. de dormir enrolado pelos teus braços. de dizeres 'boa noite, meu sonho perfeito' no meu ouvido. de me levares a conhecer o meu país enquanto entrava no teu mundo. da casa de família que juravas um dia me ir pertencer. das tuas mãos apertarem as minhas com tanta força quando revelavas o medo de me perder.

hoje lembrei-me de... ti.
dos desacontecimentos que levaram ao cruzar dos nossos olhares. da passagem de ano em que nem uma palavra me dirigiste, embora me tenhas mirado a noite inteira. do carnaval em que finalmente desmascaraste essa tua fantasia. o carnaval. o carnaval em que os meus lábios tocaram os teus conjugando a perfeição do mundo num só momento. de quando deixei o sonho de qualquer ser humano para sair daquela gruta contigo e enrolei as minhas mãos nas tuas, a ver o sol nascer à beira mar.

hoje lembrei-me de ti...

Desesqueci-me de como te amei. Desaprendi de como te esqueci. Irrecordei todos os momentos que passamos. Viajei ao nosso despassado, para perceber que nunca iria existir futuro. O vestido branco continua a atormentar-me.
Viajei, recordei, chorei... para chegar à conclusão que, agora, depois deste tempo, finalmente, te desamo.

Amei-te, Desamo-te, Desredesamarei .

Como disse Mia Couto : 'o amor acontece para a gente desacontecer'

eu desaconteci contigo, mas agora, voltei a acontecer, com mais força que nunca.

Depois de tudo, lembrei-me de ti. Lembrei-me de um momento em que dizia que te ia amar até à eternidade. Hoje, tive a certeza de que essa eternidade chegou.

Depois de tudo, deslizam por entre os dedos da mesma mão que outrora segurou tudo, os últimos pedaços de nada que restaram da cor da esperança.

Desfazes parte do meu desfuturo.

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