05 novembro 2010

Echoes

Ecos de nada. É ao que se resume o mundo de hoje em dia. Míseros pregadores de uma palavra sem pensamento. Cabeças Ocas. Cabeças de eco. Destruímos um mundo com potencial ao mesmo ritmo e com a mesma facilidade com que vamos destruindo as nossas vidas. Pensamos todos que estamos apenas a caminhar à beira do precipício, mas ainda não nos apercebemos que já estamos em queda livre. Descontrolados. A ouvir o eco dos gritos mudos da Natureza, de olhos vazios, a olhar o mar que nunca sentimos porque estávamos demasiado preocupados em tê-lo. É a isso que tudo se resume... A possuir. A ter. Ou pelo menos, a dizer que temos.
Queremos ter tudo, não interessa se precisamos. Basta ter. E ter.
Ecos...de risos. Sinfonias...de gritos.
És o eco do que eu quiser que sejas. O eco do mundo em mim. A reverberação que o Universo me atira. E ao mesmo tempo, não és nada. Ainda não és nada, por mais que eu queira que sejas. O futuro do meu passado, o presente do presente que ainda não chegou. E que, espero, um dia, chegar.
És o eco de um mundo de ecos. Todos somos o que somos. O pó das estrelas, a repetição do seu som e a propagação da sua luz.
Repete-te. Em mim. Quantas vezes quiseres. Usa e abusa de mim. Do meu corpo. Da minha carne impura que se desfaz sem que eu possa fazer nada. Não posso impedir algo do qual já não tenho controlo.
Ecos de risos, de choros, de gritos... o mais doloroso dos ecos do mundo inteligível. O que é este pensamento senão uma sombra, um eco, do de Platão?
Somos todos a repetição de algo que já aconteceu.
Vamos criar algo novo a partir do que já se fez.
Já aconteceu algo novo mesmo sem saberes, ainda sem sequer existires, já me fizeste sorrir. Obrigado.

Quem és? Onde estás?
estás
tás
tás
ás
ás
ás
s

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