26 novembro 2011

Lacrymosa

Olá e adeus.

Sorris? Duvidas.

Eu já não duvido, e já não sorriu como sorria. Porque o para ti deixou de ser para ti da forma que era antes, e as más interpretações e as intuições deram lugar a uma técnica fria que me repulsa por atracção.
É um adeus e um olá. É a prova de que as minhas prioridades não estão nem nunca estiveram trocadas, e o meu erro é pensar que sim e tentar alterar as coisas. Nada se coloca no meu caminho, só a minha sede de vida, porque da impaciência surgem todos os erros letais que cometi, e é isso que me faz afundar aos poucos e cada vez mais.
Eu quero voar e no entanto o fundo do oceano sente-me cada vez mais perto. Porque eu nado para lá de vez em quando, com mais força do que aquela que me afasta dele normalmente. Não sou propício a sentimentos de naturezas descontroláveis. Eu gosto de amar. Mas como regulador, também amo odiar. E é isso que faço, é isso que vivo e a maneira como me caracterizo. São os opostos que vivem dentro de mim e vivem os dois soltos num mesmo corpo incapaz de achar um balanço.
Por isso eu vou, de um lado para o outro, como manda a maré ou a estação do ano. Numa eterna Primavera coberta de neve, que me faz odiar a forma como julgo que te amo.
Mas que amo só porque fazes parte do sonho que quero cumprir e da etapa que anseio viver para lá chegar.
Amo-te como a um banco que me ajuda a chegar às prateleiras do topo.

Adeus gélida esperança de alcançar o estado perfeito, aquele de comunhão de corpos e almas que nos liga para sempre.
Olá alegria de saber que provenho do sítio onde quero estar, que nasci no meio das páginas em branco que alguém preencheu com diálogos, e fui gerado no meio dos destroços que acolhiam fantasmas em corpos. E que viverei, um dia, no mundo onde pertenço e onde sempre estive.

Se isto é fingir finjo mais do que vivo, mas se isto é sentir eu sinto o mundo em mim e fora e onde quer que ele esteja, porque as tábuas não me limitam e só me fazem sonhar mais alto.

As etapas foram feitas para ser ultrapassadas, e as pessoas ligam-se porque estão destinadas a ajudar-se.
És a minha ajuda e o meu apoio. O ferro que fortifica as minhas prioridades acertadas e faz cair por terra o sonho de tentar fugir delas.
Por mais que doa e eu possa por vezes não querer, estou aqui dentro, e o preço a pagar por não estar seria não viver.
Por trás da dor, fico feliz que tenha sido assim.
Obrigado.
adeus e olá.

2 comentários:

  1. Tu tens algo dentro de ti, as tuas palavras dizem-mo claramente. E esse algo, talvez traduzido num sentimento de insatisfação, de querer mais e mais e mais do que o Mundo te coloca, faz de ti um entre tantos. Honra esse SER que és! ;)

    Abraço,

    Samuel Pimenta.

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