E nós somos cegos. Vivos. Cegos. E continuamos a jogar sem saber, inconscientemente viciados. Numa adicção que não é a nossa, sem controlo, porque só queremos jogar, não importa o quê. Queremos jogar. Porque um dia alguém disse que temos de viver, porque um dia alguém nos colocou na cabeça que morrer é mau.
Porque é que a morte é sempre um estado pós-vida, e não é a vida que é um estado pré-morte?
É o mundo. Somos nós. Viciados. Vivemos com um sorriso o nosso vício enquanto descriminamos quem se vícia dentro do próprio vício. Somos tão grandes dentro das nossas colmeias, e tão pequeninos em toda a floresta.
É o mundo.
Continuamos a jogar os dados, a virar as cartas, a um ritmo alucinante. Continuamos - a cada jogada - a acreditar que pode ser o nosso jogo de sorte. Todos os dias é assim. Todos os dias tentamos e todos os dias falhamos.
Todos os dias viramos cartas e todos os dias nos desiludimos porque não é o nosso Royal Straight Flush. E nem percebemos que devemos ficar felizes, se tivermos a rara sorte, de termos um pair.
[as minhas cartas e os dados estão no chão para quem as quiser apanhar... até daqui a uns dias. o meu casino vai fechar para obras. Finalmente, o meu suicídio durante uma semana. Play ya later.]
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