tag:blogger.com,1999:blog-26143418936491195012023-11-16T12:39:45.976+00:00Bastidores do Ser"Antes de comecar", como Negreiros escreveu.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.comBlogger116125tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-76791279022342863982014-01-17T14:35:00.001+00:002014-01-17T14:35:18.564+00:00Para os que se relacionem, para os curiosos, para os que sentem falta...Aqui ha uns tempos despedi-me deste espaco.<br />Na altura acho que deixei um link para um suposto blog que eu era suposto ter escrito... e.. nunca aconteceu.<br />Nao me afastei da escrita, mas de algum modo a vida arrastou-me para outros rios de palavras que nao estes online, que nao estes secretos no mais publico dos mundos, que nao estes desabafos de alguem que fala sozinho mas para quem quer que queira ouvir.<br /><br />Hoje, agora que essas andancas estao mais controladas, e que a minha propria vida esta a ganhar uma linha, e o balanco ja de quando em vez me da uma palavrinha - quem diria? - consegui arranjar na agenda tempo, na cabeca espaco e em mim vontade de voltar a a estes cantos online que tantas pessoas atrai.<br /><br />Encontro-me agora, nao na lingua que me viu nascer mas naquela que me deu a luz, a escrever sobre tanto faz, sem planos, sem escolhas - como era aqui, como eu sou.. como no fundo acredito que todos deveriamos ser.<br />Faco porque me apetece, escrevo porque e o que quero, quando quero, da forma e sobre o que quero.<br /><br /><br /><br />Com saudade,<br />o Filip de 15 anos, o Andre de 17, o Vinny dos seus 18, e o meu espectro actual com menos disturbios de identidade, pelo menos assim o espero.<br /><br />Encontrem-me se for esse o vosso desejo.<br /><br /><a href="http://thisisnotanewspaper.wordpress.com/">http://thisisnotanewspaper.wordpress.com/</a>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-17161603809505040002013-07-19T04:44:00.001+01:002013-07-19T04:44:47.589+01:00All my friendsEscrevi tantos finais durante cinco anos em que nunca imaginei vir a escrever este.<br />Nao pensava vir a escrever com erros gramaticais a minha despedida, nao contava com despedir-me de ti.<br /><br />Ainda me lembro como se fosse hoje do dia em que tive que comecar a contar-te a minha vida por aqui, para me convencer a mim mesmo que continuavas a ver-me, dai, onde quer que seja o sitio para onde foste. Nunca viste pois nao? Eu ja nao te acuso, nem me culpo.<br />Todos os finais tem o direito a ser respeitados, e todas as historias tristes tem de ter alguem como exemplo. Nunca fomos abalados por furacoes, nunca passamos fome, nunca vivemos um misterio aterrorizante e nenhum dos nossos pais assassinou o outro. Tivemos uma vida bastante normal ate. E no mundo perfeito - e sempre bom deixar as coisas em bem - tu so estavas doente e pensaste que os medicamentos te iam ajudar.<br /> - Acreditas que sao eles que agora me fazem levantar todos os dias? -<br /><br />Nao sei se estou a deixar este sitio porque me apercebi finalmente que tu nao o les ou porque sei que estas comigo e sabes o que te quero dizer antes mesmo que o escreva.<br />Agora, no sitio onde vivo, chove praticamente todas as semanas. Ainda te lembras de mim quando isso acontece?<br /><br />Nao faz sentido escrever aqui uma panoplia de epitafios para o fim deste espaco. Na verdade, tu nao tiveste tempo de me dizer nada antes de ires.<br /><br />Para quem quer que ainda se interesse: A minha vida na escrita - seja ela o que for ou quiser ser - continua em <a href="http://www.blogger.com/%C2%A0http://vinnyslullaby.blogspot.co.uk/" target="_blank">PANIC ROOM</a> . Nao existe uma estrutura, nao existe um plano. Eu nunca me dei bem com eles. E uma sala em branco que eu preciso para expirar desencantamentos.<br />A outra vida, essa, que a tenham ca na terra, ela ha-de desaparecer um dia de repente.<br /><br />E tu, eu guardo-te comigo numa sala de panico em que nao para de chover. E em que as pocas nao tem doencas. Em que os medicamentos nao sao precisos porque as doencas nao sao transmitiveis a nos. Em que o mundo e o sitio onde vivemos, serenos e felizes. Em que nao temos mazelas emocionais de alto a baixo, e em que tudo se resume a uma gargalhada sonora a irromper o sossego de um Chaplin silencioso.<br /><br />Es tudo o que eu tenho, e um pouco mais ainda daquilo que eu tinha antes.<br />Fica.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-23599316516337848562013-02-13T14:30:00.001+00:002013-02-13T14:30:53.031+00:00Pompeiihá exactamente seis meses eu estava numa praia que eu conhecia como a palma da minha mão, rodeado pelas pessoas que - quer eu gostasse ou não - me tinham rodeado nos últimos três anos; estava perto dos meus, das pessoas que me viram nascer e crescer. estava perto de todos a recordar passados recentes, ou coisas que já custava à memória lembrar.<br />
agora, seis meses depois, eu estou num sítio que ainda é novo, um sítio que eu estou a conhecer e a transformar no meu novo lar, a minha nova casa; com pessoas que eu conheci há meses, e pela primeira vez, a pensar num futuro que não parece assustador como parecia até agora, mas pelo contrário brilhante e exactamente como o sonhei.<br />
<br />
seis meses.<br /><br />é nestas alturas que eu sei que sonhar vale a pena.<br />
<br />
obrigado.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-41031184755380422402012-09-22T16:19:00.001+01:002012-09-22T16:19:52.103+01:00London SkiesE lá vão cinco meses desde que, não sei porquê, deixei de visitar este meu canto com frequência. Sou descuidado, sou despreocupado, e por isso facilmente as coisas me fogem das mãos, e com ainda maior facilidade eu me esqueço delas. Eu sou assim. E muitas outras mais coisas que julguei poder mudar e não consegui.<br />
É possível sentir-se realizado? Nunca.<br />
É possível sentir-se completo? Não tenho esperanças nisso.<br />
É possível fazer alguma coisa para tentar mudar todas essas possibilidades pouco prováveis/impossíveis? Quero acreditar que sim.<br />
<br />
Tudo o que sempre aqui escrevi como um sonho, aconteceu. Foi realidade, tornou-se a minha realidade, por uns tempos - mesmo que só uns minutos. Mas a vida exige escolhas, e as minhas são sempre feitas em prol desta tão positiva (ou obstinada) ambição que me caracteriza.<br />
Eu tinha tudo, e deixei tudo. Porque a cidade chamou, e eu sentia o seu chamamento há anos suficientes para conseguir dizer que não.<br />
<br />
Faz um mês e meio.<br />
Tudo o que sempre sonhei tem vindo a acontecer neste curto espaço de tempo e eu não consigo tirar o sorriso da minha cara.<br />
<br />
Só me pergunto porque é que aquilo que me deixa vazio é aquilo que sempre disse a mim mesmo não precisar e é a única coisa com a qual nunca me atrevi a sonhar?<br />
<br />
Copos de vinho não substituem o amor.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-50847250290178897622012-04-01T06:24:00.002+01:002012-04-01T06:24:44.982+01:00NantesEncontrei-me na traição de mim mesmo. Encontrei o fim com expressões deixadas a meio. Encontrei o meu final das reticências, mesmo que sendo errado, ou mesmo que seja certo escondido. Encontrei a minha transparência devido à opacidade que se me opunha. Encontrei grandeza em tão tímida pequenez. Encontrei um dinossauro encarcerado num pequeno lobo amedrontado. Encontrei beleza numa carcaça comum. Encontrei o espírito por baixo de uma voz fora de tom. Encontrei semelhança na diferença e vida no aborrecimento. Encontrei vontade disfarçada de posse e encontrei posse que não se encontrou a si própria. Encontrei medo onde julgava haver segurança. Encontrei um presente diferente do passado ao tentar revivê-lo por o achar mais fácil. Encontrei a complicação do ser humano nas situações mais simples. Encontrei o sorriso por entre o nojo, encontrei o riso por trás das semelhanças que o matavam. Encontrei o agradável no prazer inexistente. Encontrei a dúvida na tentativa da certeza, julgando de antemão que as tentativas não existiam. Encontrei o boom que queria sem o procurar, e encontrei o engano no querer esse boom. Encontrei a onomatopeia para escrever boom. E encontro-me sozinho a tentar apagá-lo como uma tecla consegue agora fazer à palavra.<br />Encontrei o mar à beira da praia, e encontrei a sorte no meio do azar.<br />Encontrei o pacifismo na agressividade, encontrei a calma na agitação e encontrei mais pontos de interrogação do que aqueles que os meus pensamentos criavam.<br />Encontrei a racionalidade perdida no instinto e o instinto, esse, encontrou a racionalidade escondida nele.<br />Tudo se encontrou.<br />E depois a porta fechou-me e a praia não era a mesma.<br /><br /><i>Deixa-me sozinho no meio da areia</i><br />
<i><br /></i><br />
Porque eu encontrei a areia pura e branca no meio da lama.<br />Encontrei qualquer coisa sem saber dizer muito bem o quê<br /><br />e Reencontrei o medo de encontrar depois de tantos encontros de graus diferentes.<br />
<br />e no final,<br />percebi que é o suposto dia das mentiras e nas suas primeiras horas eu percebi a verdade.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-35424344988716388382012-02-29T05:30:00.000+00:002012-02-29T05:30:59.119+00:00CousinsAdeus antes de eu perceber o que foi este olá. Antes de eu perceber o teu mundo e o tentar mostrar no meu. Adeus a todos os teus sonhos e desejos e medos e planos e construcções descontruídas que te caracterizam. Aos teus valores e à sua subversão. Adeus a todos os teus contrários.<br />Desculpa se não te vi como eras, se te fiz parecer pequena, ou grande, ou eu. Se te fiz parecer algo que não faz parte de nada do que de ti foi escrito, se falhei redondamente no que me tentei propôr. A meu favor tenho a tua complexidade e a falta de tempo e espaços para a descomplexar. Gostei de te ver e de entrar em ti, como se gosta de alguém que nos fascina e que nos faz tremer. Adeus aos arrepios que me controlavam ao sentir-te.<br />Provavelmente vou sentir mais a tua falta do que tu a minha, porque embora eu te tenha dado o meu toque especial, vão haver infindáveis outras pessoas no globo que não se importarão de te incorporar e de tentar pertencer à tua existência, mesmo que só à superfície. Adeus sonho de preparação, adeus imagem de veneração. Adeus beleza que te vejo e reconheço sem antes termos falado.<br />Obrigado pela miséria, pela consciência, pelas ideias, pela imaginação e pela viagem que me fizeste fazer.<br />Sofro ao deixar-te porque já te tinha comigo, aqui ao lado, de pontas dos dedos juntas numa eternidade que não vamos nunca conseguir mudar.<br />Por certo que vão haver tantas outras simples pessoas como eu a querer entrar no teu universo e a tentar perceber-te a ti e ao universo bizarro e cruel em que foste concebida.<br /><i>Quando as lágrimas secarem acabará o que em meu ser é feminino.</i><br />
Boa noite, <u>está uma noite pesada</u>. Não tenhas medo de ir até ao fim, ele iria dar-te e iria ter muito prazer ao conhecer-te.<br />
Gosto mesmo de ti, num gostar maníaco, num gostar que se troca e confunde. Um gostar deturpado, horrível e chocante como as coisas a que te propões, ambicionas e sonhas. Até já, por favor, um dia bem cedo eu vou conseguir-te. Agora as etapas chamam-me e a vida ameaça continuar a correr sem tempo para te conseguir ajudar e ao mesmo tempo ajudar-me a mim.<br />
Troco as mãos pelas flores, mas nunca consigo deixar de estrangular. Obrigado por me entenderes.<br /><b>Guarda-me dentro de ti.</b><br />
<b><br /></b><br />
<div style="text-align: right;">
<i>O carrasco acompanha-me.</i></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-63152060475002166662012-02-16T14:38:00.000+00:002012-02-16T14:38:04.525+00:00Arriving Somewhere but not HereEstou cansado de esperar pela minha vida.<br />Estou saturado da sala de espera, dos números vermelhos no visor colado ao canto da sala que vão chamando - número a número - as senhas a quem é permitido viver. Nunca chega a minha. Eu sei que está quase, já esperei tanto tempo que agora é só mais um suspiro até poder ver o meu número vermelho e a permissão para soltar asas e ser feliz. Mas estou farto. Não serve de nada dizer que não, porque a verdade é que estou mesmo.<br />Estou farto deste vaguear, deste <i>stand-by</i> imbecil em que me encerrei, deste voyeurismo a que me propus até à grande estreia do meu improviso. Estou farto de ver tudo à minha volta a acontecer e eu a passar ao lado porque não é aqui que a minha epopeia começa. Estou farto de ser um narrador não participante, de falar na terceira pessoa e recordar na segunda, farto de passar páginas em vez de passar dias e de ver o meu nome no elenco adicional dos créditos.<br />
Estou farto de dar a assistência, farto de ser o apoio ao protagonista, farto de lhe dar brilho e farto desta figuração especial sem falas chave. Farto de não mudar nada porque este filme ainda não é o meu. Farto de ser o ajudante de realização, farto de ser o assistente de encenação, farto de co-produções e de ver os outros colherem os frutos do seu êxito enquanto eu vendo os bilhetes para um filme que não é o meu.<br />Farto de revelar negativos que eu não tirei e farto de estar desfocado nos planos em que, involuntariamente, apareço.<br />Estou farto de papeis secundários, farto de assistir vidas que não são a minha, farto de escrever em vez de existir e de ouvir o fado sem o sentir. Cansado de ante-estreias, da curta-metragem, deste cenário trocado no qual o meu filme não foi escrito, farto da falta de fundos que adiam a minha produção e das burocracias que ainda tenho que terminar até o poder viver.<br />Saturado desta interminável passadeira vermelha, que a meus olhos já é preta, e que não me deixa chegar ao sítio onde tudo acontece. Farto desta boca de cena tão grande à minha espera e eu parado nos bastidores. Chega de sala estúdio e chega de experimental. Estou pronto para a minha estreia e já sei o suficiente para saber como quero viver.<br />Por favor, abram as <b>minhas</b> cortinas!Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-85963526109625395812012-01-15T00:37:00.000+00:002012-01-15T00:38:18.312+00:00Requiem<i>Sempre se sentiu um ser à parte?</i><br />
<b>Oiça: neste momento você está aí e eu estou aqui; também me sinto à parte. Sempre estive à parte, quer no Morvan, quer aqui em sua casa.</b><br />
<i>Mas terá havido momentos em que não se sentiu à parte?</i><br />
<b>Não.</b><br />
<i>Nunca? Durante toda a sua vida?</i><br />
<b>Nunca.</b><br />
<i>Até mesmo, sei lá!... quando estava com alguém, mesmo durante o amor? Acha que o homem está sempre só?</i><br />
<b>O homem, não sei; não quero generalizar. Mas eu, sim.</b><br />
<i>E isso angustia-o?</i><br />
<b>Nada. Eu ficaria angustiado se acaso não existisse distância entre si e mim.</b><br />
<i>E como poderemos aproximar-nos de outro ser?</i><br />
<b>Prefiro não me aproximar.</b><br />
<i>Prefere manter sempre uma distância?</i><br />
<b>Ah, prefiro!</b><br />
<i>Mas porquê?</i><br />
<b>E você, não prefere manter uma distância?</b><br />
<i>Nem sempre.</i><br />
<b>E porquê?</b><br />
<i>Porque gosto da experiência de estar com alguém, estar misturado com alguém.</i><br />
<b>Pois olhe que eu não.</b><br />
<i>Não será também esse o jogo que se joga, de certa forma, nas suas peças?</i><br />
<b>A última peça que eu escrevi tem trinta anos. Está a falar-me de uma coisa que eu apaguei por completo da memória: o teatro.</b><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Entrevista a <b>Jean Genet</b>, por <i>Nigel Williams</i></div>
<br />Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-22408155354951122232011-12-16T23:01:00.001+00:002011-12-16T23:02:05.972+00:00Fake Plastic Trees<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Estou cansado de viver num mundo onde mais facilmente se mente, só porque sim, do que se diz uma verdade. Estou cansado de um mundo falso onde nada é o que é.<br />Onde as ilusões não se tornam recordações, mas em que as recordações afinal são simples ilusões.<br />O mundo de ser não sendo. Um mundo de ver não vendo.<br />De amar não sentindo e de sentir não amando.<br />Só porque sim.<br />Porque se diz que sim.<br />Porque eles dizem que sim.<br />Estou farto dos eles que nem sei quem são.<br />Estou farto que as pessoas não vivam para si.<br />Estou farto desse mundo que diz e que julga e não nos deixa existir.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Farto de estar farto do que existe em mim<br />e fora.<br />Farto da rotina diferente que todos os dias crio</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">e de depositar esperanças naquilo que ameaça estar a chegar.<br />Estou farto de ser o azeite num mundo que é essencialmente água.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: xx-small;">(tu és bolor e já não me preocupo nem afecto)</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Tenho saudades de ser, se é que alguma vez fui.</span>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-31200922795530726492011-11-30T13:31:00.001+00:002011-11-30T13:38:39.138+00:00Life in a glass houseUma parte de mim,<br />
<div>
adormecida, a doer,</div>
<div>
desperta toda a alegria</div>
<div>
que tento esquecer.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
De verdade, inesgotável</div>
<div>
é o querer</div>
<div>
como algo que me chama,</div>
<div>
a rir, para o sofrer.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Sentimento que pensa a chorar,</div>
<div>
sonho de ter e não pensar.<br />
Pensamento de sentir</div>
<div>
sem qualquer vestígio de ruir.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
O ser que é e não se mexe,</div>
<div>
sentimento que dói mas não desce.</div>
<div>
A vontade de ter e de sentir</div>
<div>
conjugada com a procura do sorrir.<br />
<br />
Uma procura que dói.<br />
Uma verdade que mente,<br />
sentida por alguém que vê</div>
<div>
o que outro alguém não sente.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-44324128037180469972011-11-27T23:43:00.000+00:002011-11-27T23:43:43.226+00:00London Londonse vais tentar, vai com tudo<br />
senão, nem sequer comeces.<br />
se vais tentar, vai com tudo.<br />
isso pode significar perder namoradas,<br />
esposas, parentes, empregos<br />
e talvez a tua cabeça.<br />
<br />
vai com tudo.<br />
isso pode significar ficar sem comer durante 3 ou 4 dias.<br />
pode significar passar frio num banco de praça<br />
pode significar cadeia, escárnio, insultos, isolamento.<br />
o isolamento é a dádiva maior<br />
tudo o resto é um teste da tua resistência<br />
de quanto realmente queres fazê-lo.<br />
e vais fazê-lo.<br />
apesar da rejeição e dos piores infortúnios<br />
e isso será melhor do que qualquer coisa<br />
que possas imaginar.<br />
<br />
se vais tentar, vai com tudo.<br />
não há outro sentimento como esse.<br />
ficarás sozinho com os deuses<br />
e as noites inundar-se-ão de fogo.<br />
fá-lo, fá-lo, fá-lo.<br />
por todos os caminhos, por todos os caminhos.<br />
cavalgarás a vida directamente até à gargalhada perfeita.<br />
é essa a única luta decente que existe.<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Charles Bukowski</span></i></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-33487490218456373612011-11-26T05:17:00.002+00:002011-11-26T05:32:34.015+00:00Lacrymosa<b>Olá e adeus.</b><div><i><br />Sorris? Duvidas.</i><div><br />Eu já não duvido, e já não sorriu como sorria. Porque o para ti deixou de ser para ti da forma que era antes, e as más interpretações e as intuições deram lugar a uma técnica fria que me repulsa por atracção.<br />É um adeus e um olá. É a prova de que as minhas prioridades não estão nem nunca estiveram trocadas, e o meu erro é pensar que sim e tentar alterar as coisas. Nada se coloca no meu caminho, só a minha sede de vida, porque da impaciência surgem todos os erros letais que cometi, e é isso que me faz afundar aos poucos e cada vez mais.<br />Eu quero voar e no entanto o fundo do oceano sente-me cada vez mais perto. Porque eu nado para lá de vez em quando, com mais força do que aquela que me afasta dele normalmente. Não sou propício a sentimentos de naturezas descontroláveis. Eu gosto de amar. Mas como regulador, também amo odiar. E é isso que faço, é isso que vivo e a maneira como me caracterizo. São os opostos que vivem dentro de mim e vivem os dois soltos num mesmo corpo incapaz de achar um balanço.<br />Por isso eu vou, de um lado para o outro, como manda a maré ou a estação do ano. Numa eterna Primavera coberta de neve, que me faz odiar a forma como julgo que te amo.<br />Mas que amo só porque fazes parte do sonho que quero cumprir e da etapa que anseio viver para lá chegar.<br />Amo-te como a um banco que me ajuda a chegar às prateleiras do topo.</div><div><br />Adeus gélida esperança de alcançar o estado perfeito, aquele de comunhão de corpos e almas que nos liga para sempre.<br />Olá alegria de saber que provenho do sítio onde quero estar, que nasci no meio das páginas em branco que alguém preencheu com diálogos, e fui gerado no meio dos destroços que acolhiam fantasmas em corpos. E que viverei, um dia, no mundo onde pertenço e onde sempre estive.<br /><br />Se isto é fingir finjo mais do que vivo, mas se isto é sentir eu sinto o mundo em mim e fora e onde quer que ele esteja, porque as tábuas não me limitam e só me fazem sonhar mais alto.<br /><br />As etapas foram feitas para ser ultrapassadas, e as pessoas ligam-se porque estão destinadas a ajudar-se.<br />És a minha ajuda e o meu apoio. O ferro que fortifica as minhas prioridades acertadas e faz cair por terra o sonho de tentar fugir delas.<br />Por mais que doa e eu possa por vezes não querer, estou aqui dentro, e o preço a pagar por não estar seria não viver.<br />Por trás da dor, fico feliz que tenha sido assim.<br />Obrigado.<br /><b>adeus e olá.</b></div></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-54255499445033495052011-11-23T02:04:00.002+00:002011-11-23T02:18:28.229+00:00Our spring will comeUm dia todos os dias vão ser dias e o presente o tempo que ansiaremos recordar. Tudo o que falha cresce de alguma forma, dentro de nós, como um correcto de um dia futuro. A procura de algo melhor é o que nos acompanha, mas de forma alguma pode ser aquilo que nos separa do agora. Estar de mãos dadas com o futuro não é sinónimo de estar de costas voltadas ao presente.<br />É isto que tenho que manter presente na minha mente. Que o agora importa por ser agora e por mais razão nenhuma. Um dia vai deixar marca porque aconteceu. Nem que seja para recordar um corpo qualquer sem alma que me cruzou.<br />A única dúvida que resta, a maior, e que leva a minha cabeça à auto-mutilação, é se o futuro vai ser como eu o penso, e se vou pensar neste passado como o passado nostálgico que me levou até onde irei estar... Ou se vou estar num sítio tão diferente do imaginado que nem me vou lembrar do que julgava ir ser.<br />Respostas? Estão naquele tempo que eu anseio alcançar, escondido por detrás desta bruma que eu sinto impossível de ultrapassar. Rimei, absolutamente por acaso. Aliás por acaso tem sido provavelmente a única razão porque me encontro a viver.<div><br /></div><div>o ser humano embarca sempre numa eterna busca pela felicidade.</div><div>enquanto ela se esconde no tempo a que chamamos futuro, que vem sempre depois daquele que estamos a viver.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-19310479158754846932011-11-14T00:14:00.004+00:002011-11-14T00:45:47.420+00:00Dear HeartSe eu antes não estava preparado não é agora que estou. Ao contrário do que dizem, por mais golpes que levemos, não nos tornamos mais fortes. É só uma dor, no peito, tão quente e adormecedora como a primeira que se repete. uma e outra vez.<br />Adeus. é isto que se diz? eu não sei, e há uma parte inteira de mim que não quer saber. o que se diz ou não se diz, tanto quanto não quer ter de pensar. É demais. É injusto que nos façam isto, e pedirem de ti o que pedem.<br />Se antes eu queria brincar na careca e fingir que fazia crescer cabelo... Agora não quero ter a necessidade de o imaginar. É uma cura que deixa à vista o que se passa, e que por mais que tentemos não nos deixa esquecer.<br />Eu posso dizer que te amo e que é a ti que devo a minha vida. Porque por mais inútil, imbecil e ignóbil que eu possa ter sido para ti, nunca foi de verdade. É a estupidez do crescimento humano - mal-agradecido e injusto.<br />Quero ter mais mil anos para te pedir desculpa e para que tu vejas o que a tua influência produziu em mim. Porque por mais que eu diga que não me importo...é mentira.<br />Se te devo tudo, devo principalmente recompensar-te por sempre me teres dado o que tinhas e não tinhas e te teres posto em segundo plano para me deixares ser quem sou. Me teres tirado as palas dos olhos e me teres feito ver um mundo que me preenche e eu não conhecia. Não somos todos iguais e eu conheço as culturas, raças, ideologias e mentalidades diferentes por alguém me ter dito que a vida é criar o nosso próprio caminho e não seguir aquele que os outros já calcaram.<br />O fogo da primeira vez é o mais aliciante... foi assim que descobri o que o Gedeão queria dizer com "Desflorar florestas virgens".<br />Se tenho uma estante com livros - já alguns tendo em conta a minha longevidade - é porque um dia alguém me ensinou que para livros há sempre dinheiro. Porque cultura é vida e nós devemos viver e não sobreviver.<br />Que guardar é ter esperança numa eternidade que não vem, e por isso, não devemos - mesmo - deixar para amanhã o que sentimos e queremos fazer hoje. Eu não fiz, nem por sombras, metade do que queria fazer contigo. e é isso que dói.<br />É todos os dias acrescentar coisas à lista de afazeres a dois e lembrar-me que mais dia menos dia podemos ser só um.<div>És a força que me calhou, e eu tenho a melhor sorte do mundo por isso. A força, a determinação, a luta e a revolta no meu coração pertencem-te e vivem aqui no meu peito juntamente contigo, a bombear o meu sangue pelo meu corpo.<br />O meu medo é que, em mim, seja a única morada tua neste mundo que chamamos real.<br />Não vas.</div><div>nunca.<br />A minha porta aberta ao mundo está prestes a trancar.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-9467647606223056972011-10-22T08:45:00.005+01:002011-10-22T08:57:40.132+01:00Lotus Flowere foi mais um esforço dele para pertencer a um mundo que sabia previamente não o reparar.<br />de encontrar uma luz num vazio coberto de efeitos e sons ao qual não pertence.<br />uma esperança despedaçada por cínicos delitos de ser o que não se é, segredados por alguém que é aquilo que não assume sempre ter sido.<div><br /></div><div>É assim que se perdem aquelas estrelas que julgamos irem brilhar para sempre<br />e assim também que se confunde o chão sonhado daquele que efectivamente se pisa.<br /><br />Espelhos estilhaçados<br />com reflexos de ilusões mórbidas:<br />mascaras de um amor incauto<br /><br />dizendo "olá"<br />como quem diz um<br />"adeus, até um dia"<br />que pressente<br />eternamente por chegar.<br /><br />a procura de alguém que sabe nunca encontrar,<br />porque encontros imediatos são estrelas que<br />facilmente mudam de lugar<br />confundindo-nos de posições consoante o sítio<br />onde acreditamos vir a estar.<br /><br />Constelações inconsteláveis,<br />inconstantes,<br />improváveis.<br />imaginadas num sonho nocturno que está desperto<br />destinado a rumar alguém que luta para não ser incerto;<br /><br />ao invés de esperar não procurando<br />aquele que o saudará sorrindo<br />mesmo não estando perto<br /><br />"Eu gosto de ti"<br />diz,<br />julgando-se certo daquilo que sente.<br />"Eu amo-te"<br />diz a estrela,<br />capaz de dizer somente<br />aquilo que a sua essência sente.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-47993830645537031292011-09-30T00:44:00.003+01:002011-09-30T00:52:55.149+01:00Nature BoyUm dia uma história aconteceu. Com risos, lágrimas, gritos e segredos sussurrados num ouvido. Depois ela prolongou-se, desta vez escasseando em risos e segredos, mas fortificando todos os gritos e lágrimas. Depois parou.<br />Ameaçou que tinha acabado, mas voltou.<br />Tem sido assim desde há algum tempo.<br />os anos passam sempre, e acontecem sucessivamente os mesmos dias, sempre.<br />Quando julguei que não nos íamos repetir mais porque os círculos utópicos não são eternos, enganei-me.<br /><br />1, 2, 3... e tu estavas aqui.<br />1, 2, 3... as tuas asas cortaram o mundo no regresso ao sítio de onde vieste ver-me.<br />o nosso dia deste ano passou, e eu espero querer que o próximo ano não conte os dias como eu conto os teus quilómetros.<br /><br />1, 2, 3... quando?<br />tenho um corpo colado ao meu, que não é o teu, e por alguma razão, isto não me parece natural.<br />3, 2, 1... amo-te.<br />não te preocupes em enviar uma carta. podes responder-me no ano que aí vem.<br /><br />1, 2, 3...Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-36906927735881716952011-09-18T18:20:00.000+01:002011-09-18T18:25:00.372+01:00Last of English RosesQuerida muralha,<br /><br />eu sei que nunca fomos muito próximos. Nunca fomos melhores amigos, nunca falámos sobre tudo, mais alguma coisa e ainda mais um bocadinho. Não. Sempre desejámos um bom dia mútuo pela manhã (pelo menos naquelas em que nos cruzávamos), tentámos sempre ter conversas de conveniência - o que frequentemente conduziu a momentos perfeitamente embaraçosos e dispensáveis. Se bem que eram esses momentos os únicos em que se podia sentir a comunicação perfeita entre nós.<br />Talvez o sangue pouco mais não seja do que isso mesmo, talvez o amor e a pele não sejam mais que isso também: palavras, termos. Inconsistentes e sem qualquer significado especial. Mas eu já me tinha acostumado, e embora não estivesse conformado, estava bem por poder ao menos manter contigo aquela disputa amigável de palavras, daqueles jogos com poucos ataques e muitas defesas porque é essa a única táctica com que me sei guiar, tendo em conta o adversário.<br />Depois tudo mudou. Houve um dia em que ninguém se saudou, e a esse dia seguiu-se outro em que a casa foi ficando mais vazia, até ficar o que vejo hoje: paredes brancas que não reflectem tudo o que já aqui aconteceu.<br />Toma bem conta dela, com todas as tuas pedras e com toda a tua protecção. Guarda-a porque ela é tudo para mim, e é ela o elo que me liga a ti, é o laço do nosso sangue e sem ela somos só uma análise, um grupo sanguíneo e uns tantos cromossomas. É por ela que eu te vejo e por mais que as nossas conversas sejam quase inexistentes e com uma grande lacuna em termos de interesse, existem.<br />Eu sei que agora vai ser tudo diferente, e eu tenho que me safar como conseguir. É a selva, são os leões do mundo real - aquele mundo feio - de onde ela me protegeu até hoje. Já não há muralha, nem bolha, nem nada que me possa afastar dele agora. Os olhos têm que ser abertos, as coisas têm que ser feitas e a vida tem que ser vivida da melhor maneira que eu souber. É a prova de fogo que a minha água sempre esperou.<br />Eu estou pronto.<br />Estou pronto, sim. Estou pronto para deixar as tuas fronteiras e para romper a bolha protectora. Estou pronto para crescer e dar esse passo.<br />Mas por favor, por favor, por favor, Muralha. Guarda-a contigo, a minha bolha. A coisa mais importante desta vulgar vida. O ponto alto, que me trouxe aonde eu estou, que deu ao mundo como bebé e me transportou por dezassete anos. Protege-a.<br />Porque mesmo estando longe, mesmo estando a crescer, mesmo estando a construir o meu refúgio no meio da selva dos leões, eu quero saber que tenho uma bolha para me dar um dia da sua transparência segura e para me dar um sonegado empurrão de volta à luta pelo descanso eterno, e só conseguimos descansar depois de nos cansarmos o suficiente.<br /><br />Até Breve, a ti, Muralha.<br />Dá um beijo à Bolha por mim, diz que a vejo em breve como prometi.<br />Ao Armário, um abraço.. E não o deixes esquecer que mesmo no pólo oposto, continuo a gostar dele.<br /><br />Vou ver-vos em breve e com um sorriso. Não quero encontrar-vos num pranto colectivo por falta de um.<br />Ouvi dizer que as bolhas nunca rebentam, achei por bem acreditar nisso.<br />Adeus.<br /><br />P.S - Nunca cheguei a perceber, Muralha, se estou dentro ou fora das tuas fronteiras. Tu sabes? Apesar de tudo gosto muito de ti.Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-78086522277164331322011-08-02T15:11:00.003+01:002011-08-02T15:39:07.292+01:00My Body Is a CageNão senti o começo tal como não te senti envolver-me, cobrir-me, rechear-me desta massa que vem de algum sítio amaldiçoado que eu não quero conhecer. Não vejo um final, o final que sempre desejei e que naquele trago de bons tempos inspirei para mim. As certezas que construí com o meu esforço já não são mais certezas do presente mas sim enevoados sonhos de um passado que não se reflecte aqui e agora. É a bola de neve. O deixar arrastar, e arrastar, o eterno síndrome de juventude eterna que nos deixa agir como se tivéssemos todo o tempo do mundo, quem sabe até tenhamos, quem sabe não tenhamos nenhum, eu sinto como se ele tivesse acabado e eu esteja exactamente no mesmo sítio em que estava ao início.<br />Aquela massa que agora não é mais do que a descrença que me cobre, o feto da desistência, derrete-me a forma e o corpo, deixa-me irreconhecível aos novos tempos e igual aos inúmeros fotogramas que documentam o falhanço que eu era, deixei de ser, e agora abracei de novo. Sem sentir e sem perceber. Algum braço, um qualquer, de um conhecido que eu desconheço, agarrou-me, tocou-me, sentiu-me e deixou que eu o sentisse sem pensar; quando dei por mim estava onde estou agora, com toda a minha luta amachucada nas mãos, pronto para a deitar pelo penhasco e desistir do que quero ser, conformando-me, com outro algo que preenche as lacunas dos meus desejos sem me fazer sorrir. sonhando.<br />É sempre tempo para voltar à luta e, quem sabe, da segunda vez seja mais fácil recuperar a sede, a forma e a fome de vida e de cumprir os sonhos que eu ambiciono não querendo. conformei-me que não poderia escolher o meu sonho porque ele me escolheu a mim e que por mais que eu fuja ele vai estar sempre escondido num qualquer refúgio dentro de mim. E se eu lutar por ele, mesmo que queira fugir porque ele me consome, ele vai estar lá e soltar-se e eu posso cumpri-lo e aí sorrir, ser feliz e enterrar os cadáveres dos fantasmas passados deixando-os repousar em paz e chamá-los apenas em pequenas reuniões de conhecidos, como recordações. Recordá-los e não teme-los. Se eu fugir vou ter sempre um monstro a comer-me por dentro e a destruir o que indubitavelmente sou, cobrindo-me, dia após dia, dessa pestilenta massa de desistência que me transforma; não vou viver, vou arrastar-me entre estas ruas sob a pena dos olhares alheios que me julgam sem rumo.<br />A massa pode viver aqui, onde já viveu por quinze anos, mas eu expulsei-a e fui feliz por dois anos que ninguém recupera ou apaga, posso expulsa-la de novo. Faz parte de mim, independentemente de quanta massa me recheie, me cubra e me destrua, faz parte de mim não me conformar. Já sei o que luto, e contra o que vou, agora é fácil.<br />O meu corpo pode ser uma jaula mas eu posso usá-la da forma que me aprouver, e soltar a minha alma tão longe, tão forte que ela o fará suar toda a massa que me impede de ser alguém e me torna neste enorme traste ressequido de falhanço.<br />Não tenho quatro paredes onde viver; a minha casa é uma esfera achatada e chama-se mundo.<br /><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">e eu quero deixar de ser um sem abrigo.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-40803072528242447992011-07-25T23:03:00.003+01:002011-07-25T23:33:26.977+01:00Sounds of SilenceVazio.<br />Coberto dos ecos das palavras que outrora o enchiam de canto a canto<div>em eternas repetições do que já foi dito</div><div>lembranças de uma vida que existia e que era partilhada</div><div>recordações de um tempo em que as coisas aconteciam e eu as deixava acontecer.<br />O que se ouve agora é vago, quebrando o silêncio de modo meigo, num sussurro de memória que deixa esperança.<br />É raro o dia em que agora, aqui, se diz algo novo. É rara a luz que ainda consegue cortar a escuridão - ela já se fortificou, coberta de cota-de-malha, permanece impenetrável e sem fugir. Não porque já se tenha dito tudo, apenas porque tem medo da infinidade de coisas que ainda tem para dizer.<br />E porque ninguém quer gritar para não ser ouvido - todos pregamos para que alguém oiça, até Santo António procurou peixes - quem sabe eu não vá às aves ou às pequenas larvas, a qualquer lado.<br />Algo</div><div>algo além destas paredes que me prendem, deste chão que me suporta e deste tecto que me tolda a visão do eterno céu. Nada reflecte a vida e o riso, mas por outro lado<br /><br />como é possível reflectir aquilo que não se recebe?<br />não sei até que ponto vivo, ou até que ponto se deve viver. Não sei se me cultivo e até que ponto não é demais. Pergunto-me se alguém vive satisfeito, e se sim, pergunto-me porque é que tive de nascer diferente.<br /></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-45961406372182613662011-07-03T01:46:00.003+01:002011-07-03T01:49:15.991+01:00It's not me, it's youTalvez eu me arrependa profundamente<br />talvez tudo o que eu queira seja voltar,<br />talvez eu não saiba ainda como o admitir<br />e, quem sabe, talvez seja isso que me está a matar.<br /><br />Como voltar para um sítio onde nunca estivemos?<br />Como viver e retomar uma vida que nunca vivemos?Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-4246983594612552152011-06-28T00:56:00.002+01:002011-06-28T00:59:45.539+01:00100.<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><i>"Viver sempre também cansa!</i><br /><i>O sol é sempre o mesmo e o céu azul</i><br /><i>ora é azul, nitidamente azul,</i><br /><i>ora é cinza, negro, quase verde...</i><br /><i>Mas nunca tem a cor inesperada.</i><br /><i>O Mundo não se modifica.</i><br /><i>As árvores dão flores,</i><br /><i>folhas, frutos e pássaros</i><br /><i>como máquinas verdes.</i><br /><i>As paisagens também não se transformam.</i><br /><i>Não cai neve vermelha,</i><br /><i>não há flores que voem,</i><br /><i>a lua não tem olhos</i><br /><i>e ninguém vai pintar olhos à lua.</i><br /><i>Tudo é igual, mecânico e exacto.</i><br /><i>Ainda por cima os homens são os homens.</i><br /><i>Soluçam, bebem, riem e digerem</i><br /><i>sem imaginação.</i><br /><i>E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,</i><br /><i>discursos de Mussolini,</i><br /><i>guerras, orgulhos em transe,</i><br /><i>automóveis de corrida...</i><br /><i>E obrigam-me a viver até à Morte!</i><br /><i>Pois não era mais humano</i><br /><i>morrer por um bocadinho,</i><br /><i>de vez em quando,</i><br /><i>e recomeçar depois, achando tudo mais novo?</i><br /><i>Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,</i><br /><i>morrer em cima dum divã</i><br /><i>com a cabeça sobre uma almofada,</i><br /><i>confiante e sereno por saber</i><br /><i>que tu velavas, meu amor do Norte.</i><br /><i>Quando viessem perguntar por mim,</i><br /><i>havias de dizer com teu sorriso</i><br /><i>onde arde um coração em melodia:</i><br /><i>"Matou-se esta manhã.</i><br /><i>Agora não o vou ressuscitar</i><br /><i>por uma bagatela."</i><br /><i>E virias depois, suavemente,</i><br /><i>velar por mim, subtil e cuidadosa,</i><br /><i>pé ante pé, não fosses acordar</i><br /><i>a Morte ainda menina no meu colo..."</i><br /><br /><i>José Gomes Ferreira.</i><br /><br />Palavras de outro que expressam melhor que as minhas o quão cansado estou do significado que o mundo deu ao viver.</span>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-61232079447520518112011-05-30T16:19:00.003+01:002011-05-30T16:44:52.285+01:00HomeA casa continua aqui<br />Não se moveu,<br />não cresceu<br />não esqueceu nada<br />Do que fizeste,<br />do que fizemos,<br />do que jurámos um dia fazer<br /><br /><div>Arrasto, desgastados, os pés<br />neste tumulto<br />Arrasto-me </div><div>por entre corredores magoados,</div><div>matando sonhos que recordam</div><div>ecos de risos ocos trancados</div><div><br /></div><div>Perco-me nas portas<br />das conversas solitárias,<br />lembrando aquelas partilhadas<br />um dia, nas varandas imaginárias<br /><br />Vivo nos nossos recônditos,<br />debaixo do seu resguardo<br />Tenho medo da solidão<br />que solta o choro que prendo calado<br /><br />Vivo contigo<br />mesmo que não vivas em mim<br /><br /></div><div>Exactamente<br />na mesma casa,<br />a nossa casa,<br />a casa que nos deu um fim.</div><div><br /></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-37381845832605422252011-05-13T17:58:00.007+01:002011-05-13T18:57:17.797+01:00somewhere only we know<div><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEgU9SycnbgjPhL0M4yFeT8HqpeLtyt0s7JprWqrSrX07V6I11zDK4CTMPfQ6VqpEUtj3wSIFAVQIyOxgssLfEK8ycjkrTfsSGJeshEk1LYmvers1_sPRbUhyphenhyphenABVZ0cWud9YqH6apycm7R/s400/130511-1847.jpg" style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606260338886737874" /></div><div>Era suposto ter sido só mais um dia. Um dia como todos os outros: fácil, passageiro e rapidamente esquecido. Era suposto, mas como o poder da suposição nunca é assim tão forte, não foi. Houve outras inúmeras suposições que desapareceram assim que a suposição de ser só mais um dia se foi. E agora já não sei o que suponho, ou se devo supor.</div>Ontem eu tinha um sorriso, constituído por tantas pequenas coisas... uma pulseira, um postal, muitos sonhos e outros tantos planos, três pedras, e algumas coisas mais que não quero lembrar mas que me pressionam para não serem esquecidas.<br />Tinha na mente milhões de destinos e milhões de aventuras, chegadas, partidas, tudo. Vários sítios, várias emoções, várias paisagens e ainda mais passagens, mas apenas um observador além de mim.<br />Repensei tanta coisa, enquanto as suposições estavam de pé e a pulseira no meu pulso, o postal - perdido algures numa casa - mas bem vivo e presente na minha intenção. Repensei valores que tomava como impossíveis, repensei vidas que tomava como mortes, mudei de pensamento e tornei-me em alguém melhor. Alguém melhor e com mais esperança num futuro que se adivinhava cada vez mais risonho, e principalmente, que se suponha mais estável. Suponha...<br />Hoje eu não tenho sorriso, tenho apatia. Como se eu estivesse aqui, a pairar, e o mundo ali em baixo sem me tocar. Tenho o braço leve, a chorar serenamente a falta da pulseira para lhe equilibrar o peso, encontrei um postal perdido na casa - quando já não faz sentido que ele viva na intenção -, tenho sonhos quebrados e planos furados, as três pedras descansam no mar de onde vieram no dia das definições e o resto...existe na mente e num presente, quando devia existir no passado como uma recordação.<div>Era suposto ter sido só mais um dia.<br />Até que a Liberdade chegou e quis tornar dela aquilo que eu mantinha livre, mas perto de mim.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-42741299371325216692011-05-09T17:56:00.005+01:002011-05-09T18:21:49.948+01:00we are the worldTenho saudades de ser criança e de olhar para o mundo com olhos de quem vê tudo, mas verdadeiramente sem ver nada. Gostava de sentir o vento sem cheirar o podre, de cheirar as flores sem reparar que cada vez existem menos, gostava de rir, de ouvir rir, sem saber que são risos falsos. Gostava tanto, de ver tudo sem ver nada.<br />De viver, sem ter vontade a todo o momento de gritar no meio da rua a todos os zombies que passam por mim, meio mortos-meio a dormir. de olhar gelado, desejos secos e sonhos apagados. De lhes poder dizer para acordarem. Para viverem. Dizer que o mundo é só um espaço que nós habitamos, e que podemos fazer dele o quisermos. Dizer que se ele está como está, é só a nós que podemos culpar e não a mais ninguém. Gostava de poder andar por aí, sem ter a constante vontade de gritar "CHEGA": de culpar os outros porque não nos queremos preocupar, de nos desculparmos com a sociedade quando ela é formada por nós. CHEGA de viver como soldadinhos, de aceitar tudo o que nos dão só porque nos dizem que é bom, de criar um vício à volta de algo que alguém inventou e disse que era viciante. chega,chega,chega.<div>Gostava tanto de dizer que o interior é mil vezes mais valioso que o exterior, e que sabe muito melhor ser do que parecer. De dizer que é completamente vazio querer parecer algo que não se é, ou mudar para ser como os outros, para nos integrarmos, para sermos aceites. Que o importante é simplesmente ser o que se é, no nosso interior mais verdadeiro.<br />Dizer que não importa como se é desde que se seja fiel a isso. Dizer que não se deve reprimir uma vontade se ela for movida por um motor interior só e apenas nosso, mas que é ridículo inventar acções exteriores apenas para provocar o choque e se assumir como diferentes.<br />Gostava de dizer tanta coisa. Mas acima de tudo, gostava de ser ouvido. Não digo que sou detentor da razão, e que o que eu disse é uma verdade absoluta. Mas gostava de dizer, ser ouvido, e ser pensado.<br />Adorava mudar o mundo, e não o deixar cinzento como o encontrei. No entanto, eu sei. Já me conformei que vou morrer frustrado por não conseguir que ele se transforme. Frustrado quando perceber que ninguém me ouviu porque já ninguém consegue tirar os tampões e as palas.<br />E ele, o mundo, continua feliz a rodar, sem sair do mesmo lugar, dando voltas eternas ao inferno onde se vai queimar.</div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2614341893649119501.post-75673030046653209172011-04-14T15:47:00.003+01:002011-04-14T16:12:01.127+01:00Fly me to the MoonLembro-me de ontem estar na varanda e não via a lua. Tinha o céu coberto de estrelas por cima de mim, mas não tinha a lua. A lua, e eu só procurava a lua. Porquê? Não reparei, nem por um momento, que eram aquelas estrelas que estavam do meu lado. Que me iluminavam a noite escura, uma suave luz de presença só para me aconchegar. Testemunhas do meu deitar tardio e das minhas conversas noctívagas, que alegravam a minha noite na ausência de um luar.<br />É sempre assim não é? Somos sempre ingratos. Temos os olhos fechados a tudo o resto, só vemos realmente aquilo que queremos ver. E eu criei esse pressuposto de que a lua era o importante a ver no céu à noite, esqueci-me das estrelas, do manto negro, da bruma que poderia também estar presente, da eternidade azul daquele céu. Esqueci-me disso tudo. Por causa de um pedaço de coisa, por causa de uma mancha branca, uma lua, que nem se dignou a aparecer para mim.<br />A espera compensa? Eu podia esperar eternamente, podia ficar ali, a ver o sol aparecer, e ela nem sequer me teria vindo dizer um adeus. Talvez estivesse como eu, focada num só objectivo, e deixando tudo o resto de lado.<br />Talvez sejamos os dois cúmplices de uma espera que não chega, de uma procura que não se mostra. Estávamos ali os dois, apenas à procura do que queríamos ver, fechados nos nossos casulos, sem sentir nada do que nos rodeava. E assim, ela não me viu, porque estava à procura de outra coisa. E eu não vi as estrelas, porque estava à procura da lua. E eu não reparei em qualquer coisa, ali naquele habitat nocturno, que - quem sabe - me considera a sua lua.<br />É assim que andamos todos. É assim que anda o mundo. Cego.<br />Cego para ver aquilo que deseja ter, quando no fundo, deseja mais aquilo que não se permite ver.<br /><div><br /></div>Andre F.http://www.blogger.com/profile/07991607454162168049noreply@blogger.com0